Kylie Minogue
Publicado em Julho de 2010 na Time Out:
Kylie Minogue
Aphrodite
Parlophone/EMI
****
“All the Lovers”, o single que anunciou Aphrodite, é o tipo de afirmação voluptuosa e ansiosa e só um pouco triste que todas as lendas da pop dançável deviam produzir quando sabem que a vida que celebram nas suas canções é a vida que pretendem seguir, sabiamente, até ao fim. E Kylie Minogue deve sabê-lo. Há um certo ar de ocaso e de utopia inalcançável em “All the Lovers”, que usa a mesma matriz do sublime “The One”, de 2007, a que adiciona um pouco mais de sombra.
Este é um disco que sabe melhor o que quer fazer e para onde tenciona ir do que os anteriores X e Body Language, e sabe-o porque assenta na linguagem que vai melhor com Kylie, não permitindo distracções: a de diva hetero/ gay/ etc. das pistas da era pós-rave. Aphrodite não passa, então, pelos altos e baixos de demasiados álbuns de Kylie, e para essa solidez muito contribui Stuart Price, alquimista da pop electrónica deste tempo que anda um pouco por toda a escrita e produção de Aphrodite, engendrando brilho, drama e sintetizadores onde se julgava já não haver mais espaço. Esta coesão permite que o disco flua e não desapareça nos intervalos entre os momentos excepcionais. Como se nota logo no percurso que vai de “All the Lovers”, a abrir, até aos tons barrocos e extasiados da faixa 4, “Closer”. Ou no que acontece entre a faixa 9, “Too Much”, onde os golpes de teclado house ampliam a sensação de choque que percorre o corpo no momento da paixão, e a despedida com “Can’t Beat the Feeling”, a canção que se deseja ouvir de braços no ar e aos pulos às quatro da madrugada na discoteca.
Aphrodite cumpre um dos fascinantes lugares comuns da pop: é um álbum que se revela um pouco mais a cada audição integral. Um disco apaixonado, e esse é o estado de espírito que produz a melhor arte.
Kylie Minogue
Aphrodite
Parlophone/EMI
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“All the Lovers”, o single que anunciou Aphrodite, é o tipo de afirmação voluptuosa e ansiosa e só um pouco triste que todas as lendas da pop dançável deviam produzir quando sabem que a vida que celebram nas suas canções é a vida que pretendem seguir, sabiamente, até ao fim. E Kylie Minogue deve sabê-lo. Há um certo ar de ocaso e de utopia inalcançável em “All the Lovers”, que usa a mesma matriz do sublime “The One”, de 2007, a que adiciona um pouco mais de sombra.
Este é um disco que sabe melhor o que quer fazer e para onde tenciona ir do que os anteriores X e Body Language, e sabe-o porque assenta na linguagem que vai melhor com Kylie, não permitindo distracções: a de diva hetero/ gay/ etc. das pistas da era pós-rave. Aphrodite não passa, então, pelos altos e baixos de demasiados álbuns de Kylie, e para essa solidez muito contribui Stuart Price, alquimista da pop electrónica deste tempo que anda um pouco por toda a escrita e produção de Aphrodite, engendrando brilho, drama e sintetizadores onde se julgava já não haver mais espaço. Esta coesão permite que o disco flua e não desapareça nos intervalos entre os momentos excepcionais. Como se nota logo no percurso que vai de “All the Lovers”, a abrir, até aos tons barrocos e extasiados da faixa 4, “Closer”. Ou no que acontece entre a faixa 9, “Too Much”, onde os golpes de teclado house ampliam a sensação de choque que percorre o corpo no momento da paixão, e a despedida com “Can’t Beat the Feeling”, a canção que se deseja ouvir de braços no ar e aos pulos às quatro da madrugada na discoteca.
Aphrodite cumpre um dos fascinantes lugares comuns da pop: é um álbum que se revela um pouco mais a cada audição integral. Um disco apaixonado, e esse é o estado de espírito que produz a melhor arte.
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