Mais quatro dias e cumpriam-se dois anos exactos desde que aqui despejei o meu último best of discográfico. Um pouco de contexto, para quem não acompanhou a novela: desde 1982 que faço listas com os - meus - melhores discos do ano. O que aqui vou reproduzindo reflecte o que tem de reflectir, isto é, o que gostava, e quanto gostava, em tempo real. As listas de 92 estão aqui . As dos anos anteriores não andam longe. As de 1993, abaixo reproduzidas, soam surpreendentemente certas. Hoje, quase não mexeria nos 20 discos estrangeiros (só talvez os Dinosaur Jr. e os Pearl Jam marchariam dali para fora), e quase todos permanecem, pelo menos em teoria e de memória, audíveis. Foi um ano forte, de boas convulsões estéticas. O meu alinhamento "ideológico" pró-Melody Maker estava no auge, e lá por Novembro havia encontrado e começado a ler uma revista chamada The Wire. Já a lista nacional, a 18 anos de distância, é para lá de pobrezinha. Dois deles continuam recomendáveis (os nos. 3 e 4),...
Comentários
Ou seja, estás a pôr o Kanye em cheque por... ser aquilo que tem sido desde sempre.
Está bem, então.
E não me recordo de o achar barroco antes. Quando muito em partes do 808s..., mas nesse disco havia um pretexto imediato perfeitamente compreensível para todo aquele ambiente - além de uma consistência e unidade de visão que não encontro, de todo, no disco novo.
De resto, se toda a histeria pós-invasão de palco nos VMA's 2009 e o estatuto de praticamente pária que ele ganhou entretanto não constitui motivo suficiente para erguer uma obra barroca, então (quase) nada serve.
Presumo que o teu último parágrafo seja um exercício de surrealismo. O tipo faz 1 disparate nos VMAs, é criticado por uns e desculpado/ defendido por outros, e isso torna-o um pária? Presumo que se, ele lesse as notícias, talvez sentisse menos premência em fazer um disco choramingas sobre o quão incompreendido ele é. Chama-se sentido de perspectiva.
Porquê, então, tanta celeuma em volta daquela em particular? É simples: do outro lado, estava uma cantora country-pop. Bastante nova, ainda por cima. Significa isto o quê? Fácil: o sub-texto racial que a divisória hip-hop/country há muito carrega. Se tu lesses/ouvisses certas análises, até parecia que o Grande Monstro Negro Mau tinha tentado matar a Pobre Dama Branca Frágil. Era precisamente a isto que me referia quando falei da histeria pós-VMA's 2009.
De resto, quanto a discos choramingas, a Taylor Swift é a especialista-mor da atualidade. A carreira inteira dela resume-se a isso. Uma pessoa, quando a ouve, fica com a ideia que o mundo inteiro feriu-lhe os sentimentos e que ela nunca passou de de uma vítima indefesa. Na minha terra, chamam a isto de Cantiga da Coitadinha.
Não acompanhei de todo a polémica dos VMAs. Na verdade, só me apercebi por completo do que aconteceu há umas semanas, quando escrevi sobre o álbum. Logo, nem fazia ideia que se haviam escritos tratados semióticos sobre o assunto. Nada contra esse tratados, mas quando falava em ler as notícias referia-me a coisas, tipo, política, guerra, crise económica, por aí.