GNR
Publicado em Julho de 2010 na Time Out:
GNR
Retropolitana
Farol
***
O dom pop dos GNR está todo neste álbum que fecha um enorme intervalo de oito anos nos registos de originais – mesmo que esse dom não se encontre democraticamente distribuído pelas 12 faixas. Os puzzles líricos de Rui Reininho também permanecem um primor, quer saiam em dias mais insatisfeitos, bem-humorados, arrebatados, cáusticos ou meditabundos – e os puzzles, esses sim, batem certo em todos os sítios de Retropolitana.
Aos primeiros encontros, o disco parece rondar o tom de Popless, de 2000, mesmo não possuindo o requinte daquele marco da soft-pop-rock lusa. (Em todo o caso, de quem o novo CD está sonicamente mesmo muito longe é da acridez de Do Lado dos Cisnes, de 2002.) Todavia, e apesar de Retropolitana difundir um tom geral de descompressão – e o efeito cumulativo de algumas faixas mais lentas é quase contemplativo –, é nos álbuns da primeira metade dos anos 90 que a memória vai encontrar maior familiaridade. Ou seja, em Rock in Rio Douro (92) e Sob Escuta (94). Uma evocação que se nota quando as canções aceleram, e é com essa aceleração que o disco flui melhor: na acidez melódica “Outra X”, no single “Reis do Roque” e, principalmente, na largueza de “Metropolitana” e “Nº 10”. O peso do factor 90s também tem a ver com a forma como os teclados, que passam pelas mãos de Tóli César Machado e Hugo Novo, assumem frequentemente um plano destacado.
Retropolitana fica a um passo da excelência por causa de um punhado de canções que se arrastam – “aiTunes”, “Burro em Pé”, “Na Sombra”. É fazer por não lhes ligar muito (nem à compressão aplicada ao som do CD, que a espaços deixa a música a rebentar pelas costuras) e reparar, antes, em coisas como o classicismo exaltante do tema de abertura, “Clube dos Encalhados”, ou o raio de luz juvenil do final “Tatus Tu”, que aos primeiros segundos de afã rítmico ainda põe o ouvinte a pensar se se trata de uma versão de “Maneater” de Hall & Oates.
GNR
Retropolitana
Farol
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O dom pop dos GNR está todo neste álbum que fecha um enorme intervalo de oito anos nos registos de originais – mesmo que esse dom não se encontre democraticamente distribuído pelas 12 faixas. Os puzzles líricos de Rui Reininho também permanecem um primor, quer saiam em dias mais insatisfeitos, bem-humorados, arrebatados, cáusticos ou meditabundos – e os puzzles, esses sim, batem certo em todos os sítios de Retropolitana.
Aos primeiros encontros, o disco parece rondar o tom de Popless, de 2000, mesmo não possuindo o requinte daquele marco da soft-pop-rock lusa. (Em todo o caso, de quem o novo CD está sonicamente mesmo muito longe é da acridez de Do Lado dos Cisnes, de 2002.) Todavia, e apesar de Retropolitana difundir um tom geral de descompressão – e o efeito cumulativo de algumas faixas mais lentas é quase contemplativo –, é nos álbuns da primeira metade dos anos 90 que a memória vai encontrar maior familiaridade. Ou seja, em Rock in Rio Douro (92) e Sob Escuta (94). Uma evocação que se nota quando as canções aceleram, e é com essa aceleração que o disco flui melhor: na acidez melódica “Outra X”, no single “Reis do Roque” e, principalmente, na largueza de “Metropolitana” e “Nº 10”. O peso do factor 90s também tem a ver com a forma como os teclados, que passam pelas mãos de Tóli César Machado e Hugo Novo, assumem frequentemente um plano destacado.
Retropolitana fica a um passo da excelência por causa de um punhado de canções que se arrastam – “aiTunes”, “Burro em Pé”, “Na Sombra”. É fazer por não lhes ligar muito (nem à compressão aplicada ao som do CD, que a espaços deixa a música a rebentar pelas costuras) e reparar, antes, em coisas como o classicismo exaltante do tema de abertura, “Clube dos Encalhados”, ou o raio de luz juvenil do final “Tatus Tu”, que aos primeiros segundos de afã rítmico ainda põe o ouvinte a pensar se se trata de uma versão de “Maneater” de Hall & Oates.
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