Christina Aguilera

Publicado em Junho de 2010 na Time Out:


Christina Aguilera
Bionic
RCA/Sony

***

A dualidade da fantástica capa de Bionic é a imagem certa para explicar o que aqui se ouve. É um disco muitas vezes sexualmente explícito e ao mesmo tempo de fibra sonora 100% sintética. É longo (23 faixas) e atravessa três estados bem demarcados (erótico dançável, sentimental, pop folgazão), mas todos os capítulos possuem momentos descartáveis. Tem um cântico em louvor do sexo oral que é um desvario de vozes cruzadas e ritmo de espaçamento largo (“Woohoo”, o melhor instante do álbum, com presença crucial de Nicki Minaj), mas também não faltam os temas em que parece estar-se perante uma versão musicada mas não muito convicta de Sex, o polémico livro de Madonna de 1992. Prova que o melhor que pode acontecer a M.I.A. é dilui-la numa equipa de compositores (assim nasceu o eufórico “Elastic Love”), mas que é um excesso de generosidade esperar grandes canções pop de Le Tigre e Peaches (juntas no incaracterístico “My Girls”).

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