Jon Rose

Publicado na Time Out em Abril de 2010:


Jon Rose
Auditório de Serralves

Jon Rose toca violino – de muitas maneiras. Pode, por exemplo, adaptá-lo a uma bicicleta e tocá-lo à medida que pedala. Ou então pode desmantelar uma data deles (deles, violinos). Ou até fazer experiências em concertos que podem durar 12 horas. Jon Rose também toca vedações. Vedações normais, pacíficas, e vedações de arame farpado. Abundam os vídeos na net em que ele retira os sons e os ambientes mais espantosos de longas extensões de arame preso a estacas ao ar livre, geralmente no meio de nenhures, Austrália, para onde rumou nos anos 70 (ele nasceu no Reino Unido em 1951). Basta um punhado de arcos e um sistema de amplificação do “instrumento”, e o resultado tanto pode ser uma descida a húmidos e férreos corredores labirínticos como bem-humorados exercícios de swing enferrujado. E Jon Rose não se limita a tocar em pacíficos mas tórridos descampados nos antípodas ou em austeras salas de espectáculos: ele também já usou como instrumento a vedação que separa os EUA do México, assim como o arame nos territórios ocupados da Palestina, perto de Ramallah. No segundo caso, o concerto durou escassos minutos, até à chegada de militares israelitas.

Jon Rose é um improvisador enérgico, expressivo, entusiasmante. Um homem que mistura som e imagem, que toca em duos e com orquestras, que explora a tecnologia para que esta lhe dê o que não imaginava ser capaz. Já trabalhou com o Kronos Quartet, Derek Bailey, Evan Parker, John Cage, John Zorn, etc, etc. Agora vem ao Porto estrear uma encomenda de Serralves e do ciclo Documente-se!: Violino Escravo – A True Story of a Slave Violinist.

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