Tindersticks
Antevisão de concertos publicada na Time Out em Outubro de 2010:
Tindersticks
Coliseu
Há por cá um tique de pedantismo típico de recém-ex-pobre que consiste em escarnecer das bandas estrangeiras (e respectivos fãs) que, face ao sucesso alcançado nos palcos, tops e rádio, passam a visitar-nos com frequência. Os enfadados raramente justificam a atitude com a perda de qualidades das bandas – é a familiaridade, e quase só a familiaridade, que lhes mexe com os nervos. Enquanto isso, o resto da população continua a comprar os discos, a encher os concertos e a borrifar-se para a impaciência de quem quer decretar o que é ou não é trendy. Tal como outros infelizes contemplados, os Tindersticks não merecem este tratamento caricatural, mas também manda a verdade que se diga que os encómios que receberam durante a etapa dos anos 90 da sua carreira foram excessivos. A voz de Stuart Staples é um instrumento carismático mas de tonalidades limitadas e, a médio prazo, cansativo; e apesar da interessante progressão da sua linguagem ao longo de uma vasta discografia (à volta de duas dezenas de álbuns lançados em 17 anos, entre registos de originais, discos ao vivo e recolhas de raridades), há sempre o inevitável resvalar para as canções que gostam de encostar metaforicamente o estilhaço de garrafa aos pulsos. O novo álbum Falling Down a Mountain tem momentos que tiram o som dos Tindersticks do deserto e o empurram para a costa do Pacífico, ganhando uma bem-vinda ligeireza instrumental – é ouvir o single “Black Smoke”. Mais outro motivo para voltar a vê-los em carne, osso, blasers gastos e patilhas avantajadas.
Tindersticks
Coliseu
Há por cá um tique de pedantismo típico de recém-ex-pobre que consiste em escarnecer das bandas estrangeiras (e respectivos fãs) que, face ao sucesso alcançado nos palcos, tops e rádio, passam a visitar-nos com frequência. Os enfadados raramente justificam a atitude com a perda de qualidades das bandas – é a familiaridade, e quase só a familiaridade, que lhes mexe com os nervos. Enquanto isso, o resto da população continua a comprar os discos, a encher os concertos e a borrifar-se para a impaciência de quem quer decretar o que é ou não é trendy. Tal como outros infelizes contemplados, os Tindersticks não merecem este tratamento caricatural, mas também manda a verdade que se diga que os encómios que receberam durante a etapa dos anos 90 da sua carreira foram excessivos. A voz de Stuart Staples é um instrumento carismático mas de tonalidades limitadas e, a médio prazo, cansativo; e apesar da interessante progressão da sua linguagem ao longo de uma vasta discografia (à volta de duas dezenas de álbuns lançados em 17 anos, entre registos de originais, discos ao vivo e recolhas de raridades), há sempre o inevitável resvalar para as canções que gostam de encostar metaforicamente o estilhaço de garrafa aos pulsos. O novo álbum Falling Down a Mountain tem momentos que tiram o som dos Tindersticks do deserto e o empurram para a costa do Pacífico, ganhando uma bem-vinda ligeireza instrumental – é ouvir o single “Black Smoke”. Mais outro motivo para voltar a vê-los em carne, osso, blasers gastos e patilhas avantajadas.
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