Hurts
Publicado na Time Out em Setembro de 2010:
Hurts
Happiness
Major Label/Sony
****
Num tempo em que a nefasta radiação indie emitida pelo eixo Pitchfork/ Animal Collective/ M.I.A. parece ser levada mesmo a sério, os fatos e os penteados rigorosos da dupla Hurts são mais do que imprescindíveis. Os Hurts são Adam Anderson e Theo Hutchcraft, vêm de Manchester e, no departamento geográfico, são os que melhor ilustraram, desde Movement dos New Order, todo o esplendor monocromático e austero de uma cidade que a dupla descreve como “promissora e desolada”.
Happiness tem vários momentos que mostram no que daria um casamento dos Depeche Mode (DM) com os Take That pós-2006, como ”Silver Lining” e “Better Than Love”; e não será o gospel sci-fi de “Stay” o que os DM andam a fazer num mundo paralelo onde Vince Clarke não abandonou o grupo em 1981 para formar os Yazoo e, depois, os Erasure? Além disso, este álbum funciona como uma pequena e simbólica vingança do micro-movimento romo que tentou, sem sucesso, contrariar a javardice do pior da Inglaterra britpop de meados dos 90s (é procurar as escassas imagens do duo Orlando disponíveis no YouTube e deslindar as afinidades), agora reaproveitado em moldes bastante mais profissionais e muito melhor interpretados, com canções mais robustas mas palavras menos acutilantes.
Os Hurts são melodrama, mesmo quando suportados por uma força e desembaraço rítmico que mais parecem vindos de Los Angeles do que das ilhas britânicas; é esse balanço que transporta o notável single “Wonderful Life”, bem traduzido no vídeo por uma fotografia que é mais Herb Ritts do que Anton Corbijn. Quando a dupla der outro sustento aos versos e conseguir fazer canções inteiras tão imaculadas como todos os seus refrões (às vezes o desnível é acentuado, como no dueto com Kylie Minogue em “Devotion”; outras vezes os temas são unidos por uma consistência inabalável, como no trio final de faixas, mais líricas e introspectivas, com destaque para “The Water”), os Hurts e a sua solene mas pulsante chuva de purpurina estarão na vizinhança dos Pet Shop Boys.
Hurts
Happiness
Major Label/Sony
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Num tempo em que a nefasta radiação indie emitida pelo eixo Pitchfork/ Animal Collective/ M.I.A. parece ser levada mesmo a sério, os fatos e os penteados rigorosos da dupla Hurts são mais do que imprescindíveis. Os Hurts são Adam Anderson e Theo Hutchcraft, vêm de Manchester e, no departamento geográfico, são os que melhor ilustraram, desde Movement dos New Order, todo o esplendor monocromático e austero de uma cidade que a dupla descreve como “promissora e desolada”.
Happiness tem vários momentos que mostram no que daria um casamento dos Depeche Mode (DM) com os Take That pós-2006, como ”Silver Lining” e “Better Than Love”; e não será o gospel sci-fi de “Stay” o que os DM andam a fazer num mundo paralelo onde Vince Clarke não abandonou o grupo em 1981 para formar os Yazoo e, depois, os Erasure? Além disso, este álbum funciona como uma pequena e simbólica vingança do micro-movimento romo que tentou, sem sucesso, contrariar a javardice do pior da Inglaterra britpop de meados dos 90s (é procurar as escassas imagens do duo Orlando disponíveis no YouTube e deslindar as afinidades), agora reaproveitado em moldes bastante mais profissionais e muito melhor interpretados, com canções mais robustas mas palavras menos acutilantes.
Os Hurts são melodrama, mesmo quando suportados por uma força e desembaraço rítmico que mais parecem vindos de Los Angeles do que das ilhas britânicas; é esse balanço que transporta o notável single “Wonderful Life”, bem traduzido no vídeo por uma fotografia que é mais Herb Ritts do que Anton Corbijn. Quando a dupla der outro sustento aos versos e conseguir fazer canções inteiras tão imaculadas como todos os seus refrões (às vezes o desnível é acentuado, como no dueto com Kylie Minogue em “Devotion”; outras vezes os temas são unidos por uma consistência inabalável, como no trio final de faixas, mais líricas e introspectivas, com destaque para “The Water”), os Hurts e a sua solene mas pulsante chuva de purpurina estarão na vizinhança dos Pet Shop Boys.
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