Margaret Atwood
Publicado na Time Out em Outubro de 2010:
Órix e Crex
****
Margaret Atwood
Bertrand
O Homem das Neves é um destroço vivo da civilização, uma relíquia num mundo pós-apocalíptico. Dantes, ele chamava-se Jimmy e vivia em evoluídas cidades-fortaleza, onde as experiências genéticas não conheciam limites. Para lá dos muros ficava a plebelândia, uma Nova Nova Iorque que tomou o lugar da antiga metrópole quando a subida dos mares engoliu vastas superfícies continentais. Como é hábito na sábia escrita de Margaret Atwood, as histórias de Jimmy e do Homem das Neves vão-se desenrolando alternadamente, correntes paralelas que se aproximam lentamente até um inevitável encontro nas últimas páginas.
Este último homem dá por si como uma espécie de guru e intermediário divino de uma nova raça pós-humana de laboratório. Os crexianos são todos esculturais, não têm pêlos, exalam um aroma a citrinos, são vegetarianos e vivem até aos 30 anos. Foram criados por Crex, o melhor (e único) amigo de Jimmy, mas cabe a este inventar uma cosmogonia qualquer que “explique” à nova espécie a sua origem e identidade. Nesta patranha (a analogia com a religião é flagrante e sublime), Crex ocupa o lugar de Deus e Órix, a rapariga cujo olhar apaixonou Jimmy desde que a viu como escrava sexual num vídeo de pornografia infantil, o de mestra desaparecida.
Publicado em 2003 e finalista do Booker Prize, Órix e Crex assemelha-se a ficção científica. Ainda assim, Margaret Atwood prefere chamar ficção especulativa ao que aqui fez. E o que aqui fez enfeitiça o leitor, que é transportado sem resistência por cenários onde a natureza reaprende a existir sem a intromissão do homem.
Órix e Crex
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Margaret Atwood
Bertrand
O Homem das Neves é um destroço vivo da civilização, uma relíquia num mundo pós-apocalíptico. Dantes, ele chamava-se Jimmy e vivia em evoluídas cidades-fortaleza, onde as experiências genéticas não conheciam limites. Para lá dos muros ficava a plebelândia, uma Nova Nova Iorque que tomou o lugar da antiga metrópole quando a subida dos mares engoliu vastas superfícies continentais. Como é hábito na sábia escrita de Margaret Atwood, as histórias de Jimmy e do Homem das Neves vão-se desenrolando alternadamente, correntes paralelas que se aproximam lentamente até um inevitável encontro nas últimas páginas.
Este último homem dá por si como uma espécie de guru e intermediário divino de uma nova raça pós-humana de laboratório. Os crexianos são todos esculturais, não têm pêlos, exalam um aroma a citrinos, são vegetarianos e vivem até aos 30 anos. Foram criados por Crex, o melhor (e único) amigo de Jimmy, mas cabe a este inventar uma cosmogonia qualquer que “explique” à nova espécie a sua origem e identidade. Nesta patranha (a analogia com a religião é flagrante e sublime), Crex ocupa o lugar de Deus e Órix, a rapariga cujo olhar apaixonou Jimmy desde que a viu como escrava sexual num vídeo de pornografia infantil, o de mestra desaparecida.
Publicado em 2003 e finalista do Booker Prize, Órix e Crex assemelha-se a ficção científica. Ainda assim, Margaret Atwood prefere chamar ficção especulativa ao que aqui fez. E o que aqui fez enfeitiça o leitor, que é transportado sem resistência por cenários onde a natureza reaprende a existir sem a intromissão do homem.
Comentários
depois tal como Doris Lessing fez ficção comercial em massa sem grande sumo
de resto antologias de f.c sem o mito do criador desde o R.U.R à torre de vidro
desde as criações Vogtianas
às do Philip Jose Farmer
o término de vida aos 30 anos também existe em muitos livros e inclusive num filme neo malthusiano
porquê os 30...o máximo o apogeu físico e de potencial intelectual?
o aroma a óleos aromáticos vegetais num animal
também roça a liberdade ilógica da pseudo fc já agora
aroma a coca-cola
ou como no Ophiucus de John Varley
Ofiuco seres humanos geneticamente alterados
bifes de carne humana com sabor a banana e buracos negros anãos por todo o lado e troca de sexo como os peixinhos
e isto era anos 70
1973 ou 75?
30 anos depois é um plot muito vulgar