This Time I Know It's For Real

Mike Stock, Matt Aitken e Pete Waterman: génios da escrita e produção e manufactura Pop, mantidos na sombra do reconhecimento pela máfia da medíocre intelligentsia indie.

E pensar que em 1989 liguei muito menos a isto do que merecia para andar a perder o meu tempo com, por exemplo, os Stone Roses...

Comentários

Gravilha disse…
ena, quanta militancia anti-indie! e ja agora, os latino americanos dizem que por algo pasan las cosas; preferias dizer que por causa dos S., W. + W. andaste a perder os Stone Roses...? who knows, ha lugar para todas as ideias, blogs para todas as opinioes, imaginacao para tudo o que se quiser. eu ca nao me arrependo de nada, e, apesar de nao gostar deste genero, acho bem que haja quem goste. i'm in london, you know, who can do whatever you want, here. :)
cheers,
Jorge Lopes disse…
So, in London, eh? You lucky bastard! :-))

O que me perguntas é impossível de responder. Com o conhecimento retrospectivo todo que se carrega, não dá para imaginar cenários "e se...".

Em 89 ouvia tanto as produções SAW como os Stone Roses, mas durante demasiado tempo optei (conscientemente, inconscientemente, agradável peer pressure, agradável media pressure, uma mistura de tudo isto) por valorizar muito mais, na minha cabeça, os SR como coisa Importante, em prejuízo dos SAW.

(Convém, neste instante, e para o benefício da restante população, esclarecer que neste contexto a música dos SAW e dos SR é tão representativa de si própria como símbolo de coisas mais Pop e coisas mais indie.)

A questão, na verdade muito simples, é que quase sempre que, hoje em dia, volto a ouvir os SR ou 95% de quaisquer outras coisas geralmente associadas a um conceito musical indie e produzidas, vá lá, entre 85 e 97 (o período em que lhe liguei mais), espanta-me que aquela pobreza de ideias, aquele puritanismo estético e aquele miserabilismo de soluções entusiasmasse (e entusiasme) tanta gente, ou como é que alguma vez gostei daquilo. Regra geral, dou por mim a pensar como tudo aquilo soa conservador, gasto e medroso, e custa-me a perceber porque é que alguma vez também eu simpatizei com aquilo.

Pelo contrário, quando ouço de novo coisas da mesma época e geralmente associadas a um conceito musical Pop (cenas que já estimava nessa altura), salta-me de imediato aos ouvidos como 95% preservou frescura, validade, imaginação, arrojo, ambição, rigor formal e estético, desejo de chegar aos outros sem ser por aquelas regras indie do clube dos auto-excluídos e incompreendidos.

Dito isto, há que deixar claro que há várias excepções para estas "regras", e que há pessoas talentosas e inventivas e boas e maravilhosas e abertas em todos estas prateleiras estéticas, e que é essencial cruzar/debater/conversar/discutir argumentos estéticos, e que já era tempo de os ingleses disponbilizarem teclados com o raio dos acentos que os outros países civilizados empregam nas suas palavras. :-))

Cheers!
Ricardo Raínho disse…
Pessoalmente, parece-me que esse problema se manifesta com maior clareza no indie britânico. E é um pouco como já te disse numa ocasião em atrasado: o Britpop (e a imprensa britânica que o apoiou/apoia) têm muito que responder por, basicamente, transformarem a face mais visível do indie em algo para o qual não existe melhor expressão do que aquela que até foi inventada em alturas de ainda alto histerismo Oasis/Cast/Ocean Colour Scene/etc: dadrock.
No que toca aos ianques, parece-me que a questão é um pouco mais complexa, embora sempre se possam identificar alvos fáceis no ontem (Guided By Voices e... um... tudo o que fosse Robert Pollard-associated, basicamente) e que vê em sustos como o Ted Leo, os Drive-By Truckers e boa parte da produção dos Hold Steady exemplos de um conformismo estético assustador.
Jorge Lopes disse…
O que vale é que, hoje em dia, esses sistemas solares inteiros de música mortalmente entediante são facilmente identificáveis pelos aspectos exteriores. Barba farta? Cabelo comprido? Aspecto de vadio? Afinidades com tudo o que tenha remotamente a ver com o imaginário medíeval? Borda fora com eles: um banhinho faz milagres.

Esta gente deve ter visto os Idiotas do Lars Von Trier e tirado as conclusões diametralmente opostas das minhas. Eu achei-os um odioso bando de cretinos chapados, apáticos e com demasiado tempo livre. Os barbudos, evidentemente, viram naquilo um ideal de vida.
Gravilha disse…
Jorge,
Completamente de acordo em relação aos teclados! Fucking bastards! 
Quanto ao resto, vamos por partes;
1ª dificuldade: não consigo fazer a distinção entre “pop” e “indie”. Exemplo: Smiths foram “pop” ou “indie”? para mim é as 2 coisas.
Ou seja, é-me impossível ter tudo arrumadinho da forma sugerida. É claro que entendo o que queres dizer, é obvio que a esta distância os SR me soam datados, mas o que importa é que na altura, sejam quais forem os motivos, gozei á brava com a música deles (o que não aconteceu, nem acontece com os SAW). E apenas isso me parece ser importante, se bem que, além do mero exemplo que são os Smiths existam uns quantos outros que hoje preservam frescura, etc.
No fundo são também as tais “excepções” que me agradam mais, sejam em que “género” sejam. Acho que nos gostos de cada um há uma raiz, que é, isso sim, muito difícil de pôr de lado, ou seja, acho que ainda sei qual é o teu all-time favorite record e que o meu tem dias - diria que foi editado, de certeza, entre 79 e 86, e que a musica que mais sinto, que mais valorizo, que mais me faz vibrar é dessa época ou tem a sua génese nessa época e que indie ou não, são pop (e que em quase todos os casos usam guitarras, e que o uso da mesma pode, ainda hoje, ser fresco, imaginativo, arrojado, esteticamente estimulante). Se calhar é por isso que os SR hoje pouco me interessam. E pouco me interessa se a musica vem do circuito a, b ou x. The Knife é o quê? Os Árcade Fire são maus/bons só porque a imprensa os põe nos píncaros? Os SY já tiveram os seus dias dourados, mas acredita my friend, que (apesar de ter gostado do últimos disco), não são eles que me entusiasmam em 2007. Os Horrors soam hoje (e daqui a 20 anos provavelmente) incrivelmente datados? Fuck it, quero é a adrenalina dos concertos, o suor, os strobs e o ambiente de filme de terror, as sensações, a emoção. Os Lightning Bolt, os Battles, os XBXRX, os Arctic Monkeys, o Jamie T são indie? São pop? Não importa, agradam-me, e a musica que fazem parece-me esteticamente estimulante, o suficiente para em 2007, vinte e tal anos depois de ter começado a ouvir com mais atenção uma parte da “musica popular” que se vai fazendo, continuar a gostar de descobrir que musica é essa, quem é que a faz e até porque é que a faz e/ou porque é que a faz dessa forma (e nesse particular, aparte os contextos psico-sociais e da própria socialização dos indivíduos que a fazem, ache que lá no fundo a fazem porque querem: ser populares entre as raparigas/serem reconhecidos/comer o maior numero de gajas boas possível/serem adorados/comer todas as mulheres boas e bonitas do mundo excepto a mãe e a irmã (ainda assim com excepções neste ultimo ponto). Quanto ao tempo, ao oxigénio e à gravidade, as mamas da Sabrina estarão nesta altura um pouco encarquilhadas, mas lá que serviram para mais que vender discos, isso é verdade. E continuarão através do YouTube ou através do que as concretize em imagem, a ser umas belas mamas!

Vítor,
de acordo em relação ao Britpop, que está aparentemente de regresso, numa prova de autofagia interminável e de um pára-arranca em que o “pára” é o revivalismo apontado a maior ou menor distancia e o arranca, cada vez mais raro que o pára, é feito de assimilação/incorporação de elementos estranhos à cultura Brit. Ou seja, a cultura anda à frente da música, o que é de facto constrangedor, para uma sociedade e um meio que, em 77 (por ex.), foi atrás de uma série de bandas com atitude. Curioso é que as noções de pára-arranca acima, se invertem quando se fala de “indústria musical”. Daí a importância do D.I.Y. e das editoras independentes VS “indústria musical”.
Saúde-se o NME, que em 2007 é um dos dínamos para que o meio fervilhe e esteja muito, muito quente (apesar dos revivalismos Oásis, OCS… AAARRRRRGGGGHHH!!)

Cheers!
Gravilha disse…
e double fuck, tão mau como um tecldo inglês só mesmo um corrector ortográfico português!
:)
Anónimo disse…
o outro dia fui mal interpretado no blog do major electrico, precisamente por causa disto.
agora o S.A.W. já são bons?
que tal se fossem ler o que se escreviam na imprensa (Blitz, LP, ....etc....) na altura cá em Portugal?
como é incrivel estas vossas mudanças de gosto!!
Jorge Lopes disse…
"Vossas" mudanças de gosto? Paulo, eu falo por mim, não falo por um plural corporativo. Eu gostava da maioria das produções S.A.W. na altura; eu continuo a gostar das produções S.A.W. Podia, de facto, ter mudado de opinião (absolutamente nada de errado nisso - não vejo onde está o problema de o gosto e da nossa observação das coisas se alterar com o tempo) mas, por acaso, não mudei.

Eu sei (ou essa é a imprensão que tenho) que a perspectiva em relação às produções S.A.W. na nossa imprensa musical da época era extrema e quase unanimemente negativa. Acho que estavam errados.

Os S.A.W. não são "já" bons. Na minha opinião, sempre tiveram bastantes virtudes, e desenharam, através da sua linha de montagem, alguma da pop mais repleta de vida da segunda metade dos 1980s.
Anónimo disse…
optimo!

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