Peter Hammill

(publicado em Setembro no Expresso)

Thin Air
Peter Hammill
Fie/Megamúsica

O número mais recente da revista “The Word” dedica a capa e largas páginas no interior a uma selecção de heróis de culto musicais. Lá está gente do gabarito de Robert Wyatt, Martin Carthy, Roy Harper e Paddy McAloon, mas não deixa de ser meio chocante que entre tanto talento idiossincrático, teimoso, visionário e a rondar a genialidade ninguém tenha achado essencial incluir Peter Hammill. Não há ataque cardíaco (sofreu-o em 2003) que tolha a produtividade de Hammill: desde 1969 que são raríssimos os anos em que não pôs música cá fora, quer a solo, quer com os regressados Van Der Graaf Generator. “Thin Air” é um disco de um homem só; um homem excluído do tempo mediático que, desta vez, preparou camadas musicais alternadamente abrasivas e quase contemplativas para segurar versos que aludem sobretudo à morte física, à dissolução, ao desabamento amoroso. As guitarras nervosas, o piano melodramático e a voz teatral de Hammill surgem sempre embalados pelo vazio, mas o om geral que se solta de “Thin Air” é bem menos negro do que se esperaria de um lote de canções dominado por versos como “I’m so scared of what’s in store” e “Once upon a time you think you’ll live forever – only goes to show, in truth, that you/ don’t even know you’re born”.

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