Heidi
Heidi
De Alain Gsponer
Alemanha/Suíça, 106 minutos, ver listas2/5
De longe, o problema principal desta adaptação
cinematográfica da história da miúda dos Alpes e do avô, escrita por Johanna
Spyri e revelada em 1880, é um problema de Portugal. A versão que cá chega é
dobrada, opção tola e redutora mesmo quando bem-feita e no universo abstracto
da animação. Esta Heidi é de seres
humanos, a produção é alemã e suíça, o cenário da narrativa também, o elenco
central idem aspas. Mas o que cá se ouve é português de Lisboa, em que Heidi
pergunta pelo “chóriço” e Clara, a amiga em cadeira de rodas cuja família
abastada de Frankfurt compra Heidi para lhe fazer companhia, terá uma inusitada
costela do Parque das Nações.
Uma pena, já que por
trás do ruído linguístico absurdo está uma obra bem decente; sem choraminguice;
com um elenco de miúdos desempoeirados (Anuk Steffen, a protagonista) e
veteranos virtuosos (Bruno Ganz, o avô monossilábico de Heidi); servida por uma
fotografia que tanto explora as belíssimas cores e texturas dos Alpes como tira
partido da formidável minúcia na recriação de interiores e exteriores de uma
Frankfurt pós-Revolução Industrial; e que só perde pontos na banda sonora
orquestral intrusiva do costume e na gestão da narrativa – um terço final mais
conciso teria feito maravilhas. (Publicado em Janeiro de 2016 na Time Out Lisboa.)
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