Coldplay


Coldplay
A Head Full of Dreams
Parlophone/Warner
3/5

Os Coldplay regressam a um caminho mais familiar, depois do relativo mergulho nas profundezas no invernoso Ghost Stories, de 2014. As 11 canções de A Head Full of Dreams voltam à pop-rock fluorescente e grandiloquente de Mylo Xyloto (2011), a que juntam um ligeiro suplemento electrónico dançável que os Stargate, produtores executivos, devem ter introduzido. Eis os U2ismos do tema-título, com coro de estádio e guitarra de Jonny Buckland via The Edge. Mais o middle of the road brando, para piano e caixa de ritmos, de “Everglow”, com Gwyneth Paltrow na área, uma canção-que-já-se-escreveu-vezes-mais-do-que-suficientes-obrigado. E pensar que este capítulo da carreira dos Coldplay havia começado com “Adventure of a Lifetime”, single coceguento à altura de esforços semelhantes e meritórios dos Maroon 5 e Nickleback, outras bandas rock a exercitar músculos disco-funk.

Os desvios ao programa prévio têm resultados diversos: “Hymn for the Weekend” é dominado por um refrão Destiny’s Child, e assim seria mesmo que Beyoncé não participasse no tema, discretamente. E depois há faixas de onde apetece expropriar as boas ideias audíveis e depositá-las em mãos com mais rasgo – sobretudo “Army of One”, com os acordes densos de órgão e a voz seccionada e feita riff da primeira parte, e o instrumental arrastado mas eléctrico e o aparente vocoder da segunda, subintitulada “X Marks the Spot”.

Os Coldplay, que não há maneira de saírem do meio da ponte onde tentam ser um pouco de tudo para todos, continuam a dever ao mundo um álbum funk/ EDM/ r&b/ hip-hop. Devem ter estofo para isso – ou, pelo menos, para discos de boa e humanista e inspiradora mensagem mas menos rotineiros do que A Head Full of Dreams.

(Publicado na Time Out Lisboa em Janeiro de 2016.)

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