Rufus Wainwright
Publicado na Time Out Porto de Maio:
Rufus Wainwright
Coliseu
Quinta-feira 6, ver listas
Esta deve ser a digressão mais barata e portátil da década e meia de carreira de Rufus Wainwright. No palco do Coliseu só haverá ele, Rufus, e um piano – de cauda, supõe-se. O pretexto para a vinda do músico canadiano é um disco, atípico no seu percurso, de seu nome All Days Are Nights: Songs for Lulu e disponível desde Abril.
O álbum foi arquitectado durante as derradeiras oscilações de saúde e morte (em Janeiro de 2010) da mãe de Rufus Wainwright, a cantora folk Kate McGarrigle. Tudo isso tem relação directa com o que se ouve em All Days Are Nights, onde um tom outonal e solitário domina as 12 faixas, mesmo que as canções dancem entre a melancolia e alguns instantes de quase exaltação. Ao limitar o acompanhamento instrumental a um piano, Rufus deixa a sua voz mais exposta, o que parece tê-lo “obrigado” a adoptar um tom marginalmente menos afectado do que é hábito – uma bênção para quem é alérgico ao seu estilo de interpretação, que consegue o feito raro de ser melodramático e monocórdico. Além de neurótico, pseudoclassicista, e dar sempre a impressão de que canta como se ainda estivesse a mastigar o resto do almoço.
O despojamento de All Days Are Nights (nome retirado a um verso de Shakespeare, que também tem aqui direito a três sonetos transformados em canções) torna a experiência Rufus Wainwright bem menos penosa. Em disco e, supõe-se, em palco. Ele já disse que este é um projecto para “limpar o palato do ouvinte entre discos” e “prepará-los para a próxima investida”. Pela amostra, talvez não fosse má ideia Rufus considerar a hipótese de uma carreira como o equivalente musical de um shot de limão com espuma de champanhe entre pratos.
Rufus Wainwright
Coliseu
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Esta deve ser a digressão mais barata e portátil da década e meia de carreira de Rufus Wainwright. No palco do Coliseu só haverá ele, Rufus, e um piano – de cauda, supõe-se. O pretexto para a vinda do músico canadiano é um disco, atípico no seu percurso, de seu nome All Days Are Nights: Songs for Lulu e disponível desde Abril.
O álbum foi arquitectado durante as derradeiras oscilações de saúde e morte (em Janeiro de 2010) da mãe de Rufus Wainwright, a cantora folk Kate McGarrigle. Tudo isso tem relação directa com o que se ouve em All Days Are Nights, onde um tom outonal e solitário domina as 12 faixas, mesmo que as canções dancem entre a melancolia e alguns instantes de quase exaltação. Ao limitar o acompanhamento instrumental a um piano, Rufus deixa a sua voz mais exposta, o que parece tê-lo “obrigado” a adoptar um tom marginalmente menos afectado do que é hábito – uma bênção para quem é alérgico ao seu estilo de interpretação, que consegue o feito raro de ser melodramático e monocórdico. Além de neurótico, pseudoclassicista, e dar sempre a impressão de que canta como se ainda estivesse a mastigar o resto do almoço.
O despojamento de All Days Are Nights (nome retirado a um verso de Shakespeare, que também tem aqui direito a três sonetos transformados em canções) torna a experiência Rufus Wainwright bem menos penosa. Em disco e, supõe-se, em palco. Ele já disse que este é um projecto para “limpar o palato do ouvinte entre discos” e “prepará-los para a próxima investida”. Pela amostra, talvez não fosse má ideia Rufus considerar a hipótese de uma carreira como o equivalente musical de um shot de limão com espuma de champanhe entre pratos.
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