Mundial

Há uma crónica no JN de hoje do Francisco José Viegas que diz 98% do que me apetece dizer sobre Portugal no mundial de futebol. Sobretudo, ainda bem que diz isto:

"Figo, como Ronaldo, é a prova de que não vão conseguir impor aquele futebol sem arte, sem imaginação e sem originalidade (o da Inglaterra, por exemplo). Pode haver "espírito de grupo" (como os peregrinos à Santa), "união no grupo de trabalho" (como se fosse uma comissão excursionista) e até burrice promovida a estratégia ganhadora - mas sem talento não há golos."

E não vale a pena perder muito mais tempo com o assunto. Sim, a Família do seleccionador foi mais longe do que seria de esperar. Os jogos foram de uma sonolência desesperante, tirando o jogo com a Holanda, que não foi sonolento por causa da porrada. Jogadores com garra, imaginação e força ficaram de fora porque o caixilho para os Amigos é, imagino, apertadinho. Não faltou quem voltasse a meter na misturadora patriotismo, unanimismo a martelo e censura moral. Os outros são umas bestas porque (alegadamente) dizem mal de nós; nós dizemos mal dos outros porque somos transportados pela emoção pela Pátria; ai a emoção; tanta emoção. A palavra que mais ouvi nos momentos de celebração de vitórias da equipa da Família do seleccionador foi "sofrimento" - puta de miséria de nação a que assim sente e vive.

To be continued, até pelo menos 2008.

Comentários

Ricardo Raínho disse…
Com todo o respeito, tenta lá, por um bocadinho, despir a camisola azul-e-branca, tá?

Abraço.
Ricardo Raínho disse…
E mais uma vez correndo o risco de ser cortado de vez da tua lista de pessoas que respeitas, prefiro que seja o Caixilho de Amigos do seleccionador do que o Caixilho de Amigos dos Lobbys dos clubes, que era o que a selecção estava há demasiado tempo a ser. E digo-te já que o meu grande receio não é o Scolari ir-se embora. É mais quem é que me vão arranjar para o lugar dele. Peço, para bem de todos nós, que seja outra vez alguém que saiba o que quer e como fazê-lo do que mais um dos gatos-sapatos que tivemos durante demasiados anos. Quer o aceites ou não, o Scolari criou nesta selecção aquilo que já há muito tempo se faz em todos os países onde o futebol é coisa com anos suficientes para criar cultura própria e civilizada: um verdadeiro espírito de equipa. O que tinhas até aí era uma espécie de fins-de-semana prolongados dos clubes. Ele acabou com isso, e ainda bem.
E outra coisa: aqueles outros que não foram seleccionados (mais ou menos estou a ver a quem tu te referes) até podem ter imenso talento. Mas a parte da garra e da força a que tu aludes é que, sinceramente, discordo por completo. Queres uma prova disso? Se o que fizeram ao Cristiano Ronaldo no jogo com a Holanda tivesse acontecido ao Moutinho ou ao Quaresma, tenho quase toda a certeza que qualquer um deles teria tido uma reacção à Zidane. É que era limpinho!

Uma vez mais, abraço.
Ricardo Raínho disse…
Aliás, a parte em que o Francisco José Viegas compara ao "espírito de grupo" aos "peregrinos à Santa e a "união no grupo de trabalho" a uma "comissão excursionista" parece vinda de quem nunca trabalhou ou agiu em situações de grupo, ou então de uma pessoa que faz da solidão uma bandeira. Como eu não creio que nenhuma destas hipóteses seja verdadeira, e até eu respeitando as posições intelectuais dele, estou em crer que, neste caso, ele se espalhou, e bem, ao comprido, pelo motivo óbvio: pobreza de argumentos muito franciscana (o que, tendo em conta as bocas dos peregrinos, até que liga bem).
Jorge Lopes disse…
Ricardo, a minha camisola futebolística sempre foi a azul-e-branca do FC Porto (bom, nem sempre: quando tinha uns 5, 6 anos torcia pelo Benfica; situação prontamente corrigida, como se nota ;-)). É essa a minha camisola para o futebol, e não a camisola de Portugal. Não tenciono trocar a azul-e-branca FCP pela verde-e-vermelha de Portugal em circunstância alguma. Mas nem é bem isso que está em questão.

Percebo o que dizes em relação ao LFS e ao "espírito de equipa". Mas por achar que os jogos portugueses na Alemanha foram uma merda de um desespero sonolento não quer dizer que os seleccionadores que por lá andaram antes do LFS (e, eventualmente, os seus critérios) sejam bons exemplos para o que quer que seja.

No teu lugar, não tinha tanta certeza que uma selecção com o Quaresma ou o Moutinho (ou, porque não, o Manuel Fernandes) resultaria fatalmente em pancada tipo Zidane. Podia até ser que houvesse jogos com mais imaginação, espontaneidade, velocidade. Mas isso estaria completamente fora de tom em relação a quase todos os jogos deste mundial. (O Miguel Sousa Tavares discorre bem sobre o assunto n'A Bola de hoje. Mas não sei se ele conta, já que também usa camisola azul-e-branca...).

O pouco que ainda valeu nos jogos de Portugal foi ver que a equipa tem tipos demasiado bons, cujo brilho lá acaba por surgir mesmo dentro deste futebol para passar o tempo. Como ver o Ricardo Carvalho a limpar a defesa. Ou o Maniche a romper meio-campo fora e disparar à baliza, quase sempre com perigo. Ou o Figo a trocar os olhos aos defesas. Ou, muito de vez em quando, o Deco, Cristiano Ronaldo, o Simão e o Nuno Gomes a romper o molde do franchising do futebol à italiana em que este mundial se tornou.

E porque diabo havia de te riscar da lista de pessoas que respeito apenas por teres opinião diferente da minha e saberes articulá-la?

Cheers!
Ricardo Raínho disse…
Começando pelo fim. A parte de tu me riscares da lista era uma piada. Muito mal concretizada, mas uma piada. Era a propósito daquela parte sobre o "unanimismo a martelo". Desculpa! O sabor que isto te deixou deve ter sido bem amargo.

Outra parte que me parece urgente de esclarecer é a da camisola. Durante este Mundial, descobri, para alguma surpresa, mas também minha alegria, que o meu grau de sofrimento em relação à Selecção é igualzinho ao do meu clube (o Sporting, como deves estar fartinho de saber). Não tenho nada contra quem sofre mais pelo seu clube, embora confesse que me faz alguma confusão não haver, no mínimo, um grau de sofrimento exactamente igual. É a tua pátria que está ali, e concordo totalmente com o Simões quando ele afirma que não há mal nenhum em sofrer pela Pátria. Desde que o faças do coração, é tudo o que importa (embora também seja óbvio que se esse maior sofrimento pelo FCP venha do coração, também não vem mal nenhum ao Mundo).

E agora a parte do azul-e-branco não importar. Vamos por partes. Pela minha experiência (tanto pelos media como pela vida quotidiana), parece-me que o ratio ratio de críticos de Scolari para adeptos do FCP é, no mínimo, 7 para 10. Algo que não me surpreende, tendo em conta tudo o que tem acontecido até agora, cuja origem vem de quem bem tu sabes, e cuja alimentação tem vindo, sobretudo, dos seus acólitos via media, mais outros quantos afiliados por outras cores, mas que talvez o façam para que não fiquem mal no, erm, unanimismo a martelo que se instalou para os lados da Medialândia de Portugal. E se isso, por um lado, até me diverte, por outro irrita-me, e de que maneira, sobretudo depois de, ao longo do Mundial, Felipão e seus "Amigos" terem respondido à letra a todos os pontos de discórdia mediática. Só que nem mesmo assim vejo alguns deles admitir, pública e abertamente, que erraram, e não por pouco, nem mais ou menos. É óbvio que só o fazem se quiserem. Mas já que tanto apontaram o dedo ao Felipão por ele nunca ter dado o braço a torcer de forma oral quando se pôs a questão de ele finalmente ter posto a equipa que toda a gente lhe dizia depois da derrota com a Grécia no jogo inaugural do Euro 2004, ao menos podiam ter praticado o que tanto pregaram. Mas hey, isto é Portugal, onde o que hoje é verdade amanhã é mentira...
Mas que fique também esclarecido que nada me move contra a instituição ou os adeptos do FCP. Longe disso. Se assim fosse, considerar o Guilherme de Aguiar e o Rui Moreira os melhores comentadores dos seus respectivos painéis era algo que nem em situação extrema eu admitiria. Posto isto, gosto muito do MST... mas não quando fala de futebol. Nessas alturas, acho que ele se torna o correspondente portista do Eduardo Barroso e da Leonor Pinhão. Ou seja, hooligans cuja única diferença dos seus correspondentes tradicionais é apenas um léxico mais elaborado e uma capacidade acima da média portuguesa de transoformá-lo em leitura organizada e, aqui e ali, deveras estimulante.

E pronto. Cheers.
Jorge Lopes disse…
Oh, a pátria, qualquer pátria, só por si, nada me diz ao coração. São coisas que existem, factos consumados a médio ou longo prazo e que de vez em quando se dissolvem e reorganizam.

As delimitações territoriais, as minhas afinidades, seguem através de fronteiras culturais. Com todo o respeito por toda a gente que possa meter nestes sacos, diz-me muito mais "ao coração" Barcelona ou Estocolmo ou Londres ou Miami ou Vigo ou Paris do que, sei lá, Salvaterra de Magos, ou Leiria, ou Bragança, ou Elvas. Não vejo como as nossas afinidades geográficas/ culturais/ pessoais tenham que se sentir (moralmente? patrioticamente?) constrangidas a dar qualquer espécie de prioridade a um sítio só porque esse sítio calha de ser dentro das fronteiras de Portugal.

(Se quiseres levar a coisa de novo para o campo desportivo, é exactamente por razões desta ordem que vejo como naturalíssimo torcer, sei lá, pelo Liverpool, num jogo destes contra o Benfica ou o Sporting. Tão naturalíssimo como um benfiquista eventualmente entender que prefere apoiar o Real Madrid num jogo contra o Porto, e por aí fora. Isto para já não entrar na questão, também incontornável nestas coisas de afectos, de as equipas de futebol serem compósitos de jogadores e treinadores de milhentas proveniências; toda a lógica afectiva do futebol interno transfere-se então para outros campeonatos - é óbvio que por estes dias torço pelo Chelsea, mas estou-me nas tintas para o Inter de Milão ou para o Estugarda.)

Mesmo sem procuração de toda a nação azul-e-branca :-)), arrisco a especular que a origem da antipatia em relação ao LFS não tem a ver com lavagens ao cérebro orquestradas pelo patrão PC, mas com coisas tão simples como o tipinho não pôr os pés nas Antas/Dragão para ver um jogo do Porto (enfim, tendo em conta os seleccionados para o finado mundial, acredito que desde 2004 que ver jogos com jogadores portugueses é-lhe perfeitamente irrelevante), ter aviado umas bocas para o pessoal do "norte" em conferências de imprensa, deixar o Quaresma fora do mundial e, sobretudo, nunca ter explicado em condições a exclusão do Baía e de, há não muitos anos, ter convocado o Bruno Vale para um jogo da selecção quando o rapaz jogava na equipa B do FCP. Razões + do q suficientes para n haver ponta de admiração pelo tipo.

É por isso, e pelo q Portugal fez no mundial, q o LFP n respondeu à letra a ninguém. Com o plantel q, ainda assim, levou à Alemanha (basicamente, a equipa do FCP da era Mourinho que ele foi obrigado a engolir e que, com todos eles a jogar já fora do FCP, se tornou então na sua "família"), foi até onde tinha obrigação de ir. Nem mais, nem menos. Jogando um futebol igual aos outros que ficaram nos primeiros lugares, é verdade, e tal como esses outros um futebol que, tivesse eu hoje 5 ou 6 anos, levar-me-ia de certeza a dedicar-me ao basquetebol, ou ao ténis... :-))
Ricardo Raínho disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Ricardo Raínho disse…
Vamos por partes, então.

A questão da pátria é uma questão que, por mais que se tente – e eu sei que é isso que vai parecer que vou estar a fazer –, não se racionaliza. Sente-se. Apenas. Tu não escolhes o sítio em que nasces, vives e cresces uma vida inteira. Assim como os teus valores não são um completo resultado do teu ser mais puro, antes um conjunto de factores que tanto envolve o Q.I. e o bom senso de um indivíduo como o(s) meio(s) em que envolves ao longo da vida. Tudo isto também se aplica à tua identidade nacional como ao teu clube e, já que estamos nisto, às tuas convicções artísticas/estéticas. Ou até mesmo às tuas paixões/desilusões amorosas (principalmente estas, até J). É um processo de absorção que, a racionalizar-se, apenas se o consegue fazer a posteriori.

As origens da antipatia, pois então. Eu detesto ter que voltar à questão dos lobbies, ah pois detesto. Mas não me deixas outra alternativa. Recapitulando: o que tínhamos nós até Scolari? Uma Selecção cujos treinadores eram escolhidos com base em “opiniões” fornecidas pelos presidentes dos principais clubes cá do burgo, em especial quem tu bem sabes. Aliás, não só os treinadores, como também as convocatórias entravam nesta lógica de “agradar aos abutres”, sendo que aqui também entravam os empresários na jogada, obviamente conscientes que um jogador que alinhe pela Selecção não só tem projecção – sendo que essa já é garantida pelo clube, tendo em conta os mecanismos de marketing com que o futebol se cose desde há relativamente muito tempo, e em que os media são actores importantes –, como também – dizia –, principalmente, lhes traz um prestígio que pode ser importante na concretização de um eventual negócio da China (ou da Inglaterra ou Espanha, como se aplica melhor neste caso J). Tudo isto se altera, não com a vinda de Scolari, mas ainda antes dessa vinda. A escolha do brazuca não passou pela aprovação de nenhum dos “homens do futebol” que desde há muito poluem os estádios da lusa-pátria, levando desde logo quem nós sabemos a tecer frases bem ao seu estilo irónico ainda antes de qualquer treino no âmbito da Selecção sequer ter sido realizado. É pesquisar, pois, onde se o deve fazer, para que se veja que o que acabou de ser escrito pode ser provado de forma limpinha.
Tudo isto se foi agravando ao longo dos tempos, devido à inflexibilidade do brazuca em ceder a pressões de quem quer que fosse, e que tiveram a sua representação a nível público com o chamado Caso Baía e, a uma menor escala, as não-convocatórias de Sérgio Conceição e João Pinto. Despachando já a fruta menor. No caso de João Pinto, aquela entrevista que ele deu no “Trio de Ataque” foi de uma enorme imbecilidade, sobretudo a parte em que ele pergunta, publicamente, o porquê de nunca mais ter sido chamado à Selecção, quando basta lembrarmo-nos de umas certas imagens do Coreia-Japão que correram Mundo em 2002 e que em muito contribuíram para a imagem de arruaceiros que nos assombrou no Alemanha 2006. Quanto a Conceição, é uma daquelas questões para o qual não encontro explicação, mas que, a avaliar pelo que aconteceu ainda há dois meses e meio na Bélgica, quanto menos se explicar melhor.
E eis que nos debruçamos sobre o Caso Baía. Scolari nunca precisou de explicar, tintim por tintim, porque os factos encarregam-se disso. Primeiro, é o processo entre FPF e Olivedesportos, no qual é mais do que público que Baía é testemuna a favor dos segundos. Segundo, todas as histórias que correram sobre o seu comportamente de prima-donna no Mundial asiático de há quatro anos. Por último, declarações suas quando, segundo parece, Scolari pensou em convocá-lo para um jogo ainda na fase inicial da sua estadia por cá, mas em que seria suplente de Ricardo. Publicamente, Baía expressou as seguintes palavras: “Para ficar no banco, mais vale nem ser convocado”. Posto isto, quer-me parecer que Scolari se limitou a fazer-lhe a vontade. A partir daqui, é a história muito mal contada e com partes devidamente apagadas (porque, como se sabe, uma pessoa pode ser inteligente e esclarecida, mas o Povo é ignorante e tem memória curta) para servir o trabalho sujo de alguns, e, de caminho, fazer do Ricardo um bode expiatório que nunca o mereceu ser.
E quanto a Quaresma… uma pisadela em Abel que lhe deveria ter desde logo valido o cartão vermelho directo, e a forma mal-educada como reagiu perante Co-Adrieense quando este o substituiu naquele que acabou por ser, para mal dos meus pecados, o jogo que decidiu o título para o vosso lado, são suficientes para que Scolari não queira jogadores com tendência para a indisciplina, sobretudo aquela que possa afectar a saúde do grupo de trabalho.

E dizes tu que nem Scolari nem a Selecção responderam à letra a todas os pontos de discórdia que se levaram na hora em que o avião partiu para Marienfeld? Oh boy, you are soooooooo wrong!
Vamos lá dissecar isto ponto por ponto:
Crítica n.º 1: o estágio em Évora
o OK, aqui não dependeu totalmente de Scolari. Mas o facto é que, durante o Mundial, as temperaturas na Alemanha nunca estiveram abaixo dos 20 graus.
Crítica n.º 2:: a convocação de jogadores sem clube/com pouca rodagem durante a época regular
o Se é verdade que, aqui e ali, Costinha comprometeu (vide a expulsão contra a Holanda), a verdade é que, sem ele, Portugal perdia muita capacidade de retenção de bola e segurança sem ele. Maniche… é mesmo preciso dizer alguma coisa? Quanto a Ricardo Costa, a sua entrada efectuou-se em circunstâncias tão excepcionais, que apontar o que quer que seja a ela só pode mesmo ser vontade de embirrar.
Crítica n.º 3:: a não convocação de Quaresma (apenas esta)
o Não fez falta. Cristiano Ronaldo, excepto contra Angola, fez sempre o que devia fazer. Simão, também excepto contra Angola (e sobretudo ante o México, principalmente durante a primeira parte), desta vez, até conseguiu afastar o fantasma das regulares prestações pobres que até aí tinha efectuado pela Selecção.
Crítica n.º 4:: a convocação de Ricardo em detrimento de Baía
o Só aqueles três penalties chegam e sobram para calar qualquer boca. Acontece que nem mesmo o primeiro golo do Schweinsteiger pode ser atribuído a qualquer frango dele, visto que a bola faz ali uma trajectória completamente maluca. De resto, irrepreensível como só ele sabe, quando está numa boa fase.
De todas as críticas que possam ser feitas, apenas se poderá apontar a insistência no Pauleta. Mas há sempre o facto inegável de as opções serem muito escassas para esse sector, e a constatação que não temos jogadores (até mesmo se Quaresma fosse convocado) para adoptar uma estratégia que contemplasse um segundo ponta-de-lança.

Quanto à parte do “não fez mais do que a sua obrigação, nem mais nem menos, dado os jogadores que tinha à disposição”, não és tu nem eu, nem mesmo o Mourinho, que vai dizer quais os objectivos a que Scolari se propunha. Ele disse, ainda em Évora, que queria, no mínimo, chegar aos quartos-de-final, tendo em conta a classificação de Portugal no ranking da FIFA. Chegou às meias-finais. Ou seja, superou as expectativas. Nuff said.
E acabo, apenas tendo a dizer que essa de ele se aproveitar da equipa que o Mourinho montou e que Scolari não teve papel absolutamente nenhum nisso é bem a prova de que uma mentira, quando contada muitas vezes, se torna verdade. Aliás, queres mesmo saber a origem desse disparate? Foi aquele célebre (e, verdade, excelente) trabalho de comentário do Special One himself durante (salvo erro) o Portugal-Espanha do Euro 2004, em que ele explicou certas coisas que os seus (então ainda) jogadores faziam em campo vieram de instruções que ele deu e que foi aperfeiçoando ao longo do tempo. Em particular, lembro-me de uma manobra qualquer do Maniche em que ele apontou isso mesmo. Foi q.b. para que o veneno anti-Scolari usasse de mais uma desculpa esfarrapada para se fazer destilar.

Termino, apenas dizendo que é um prazer ter esta discussão contigo, mas que, ao mesmo tempo, me preocupa o espaço que gastei para isto! :0 :0 :0

Cheers! ;)
Jorge Lopes disse…
Juro que alinhavei um comentário enorme a isto mas depois um zboing informático qualquer levou-o para parte incerta. Por isso, versão digest:

>Esses argumentos para justificar a não convocação de jogadores são rídículos. Ganha-se uma tropa. Perde-se futebol. O LFS que fique com a tropa dele, que a mim dificilmente volta a apanhar-me à frente de um televisor até 2008.

>Ainda bem que, por exemplo, o seleccionador da Argentina em 86 não se lembrou dos mesmos argumantos moralizadores e disciplinadores em relação ao Maradona.

>Repito; com as selecções que lhe foram calhando, Portugal neste mundial foi até onde seria lógico poder ir. Nem mais, nem menos.

>Porque havia eu de ficar siderado com um, errr, quarto lugar num mundial de selecções (e um segundo num europeu) quando o meu clube há muito pouco tempo ganhou uma taça Uefa, uma liga dos campeões e uma taça intercontinental? Ah, deve ter a ver com a tal cena do patriotismo. :-)

Mensagens populares deste blogue

1993

Algo que Deve Ser Evitado

Anna Calvi