Time Out 109
Sítios para música ao vivo em Lisboa e arredores:
Do Oriente a Alcântara, da Moita a Sintra, a capital e os arredores abundam em bares, clubes e restaurantes que já não passam sem música ao vivo. Nas páginas que se seguem, Jorge Manuel Lopes oferece-lhe um guia de estilos para lugares novinhos em folha ou centenários, esquecidos ou consagrados. Mas antes de mergulhar nos especialistas, é de bom tom afixar este quadro de honra lisboeta da noite musical em directo. Se começar por aqui, de certeza que começa bem
Cabaret Maxime
Não se deixe distrair (pronto, deixe-se) pelo historial de mulheres voluptuosas de escassa roupa ou pelos preciosos souvenirs de outras eras (cartazes, capas de discos) que adornam as paredes do cabaré da Praça da Alegria. Sim, porque aqui, agora, cultiva-se mesmo a sério a música e o entretenimento. Por estes dias, as sessões de terça-feira estão entregues à comédia stand-up, mas daí em diante há crooners mais ou menos charmosos com strippers vintage de luxo, bailes burlescos, pop, rock e funk de cá e do estrangeiro, e até Ágata.
(Praça da Alegria, 58, tel: 213467090)
Fábrica Braço de Prata
Neste vasto edifício na zona oriental da cidade há livros por toda a parte, e não são só para embelezar as prateleiras. Sim, também nunca faltam exposições, teatro e cinema. Mas é para a música ao vivo que o Braço de Prata mais serve, com três salas a laborar a pleno vapor: a Visconti, a Nietzsche e a Prado Coelho. De quarta a sábado, é só picar o ponto na Fábrica e escolher entre jazz, pop, world music, experiências sónicas, fado…
(Rua da Fábrica do Material de Guerra, 1, tel: 96 743 5743)
Galeria Zé dos Bois
A ZdB é a santa padroeira dos psicadélicos inveterados; dos freaks que twittam; dos amantes daquele jazz abrasivo que há muito ultrapassou a última fronteira; dos defensores da pop de baixo orçamento mas ruidosa, festiva e com toneladas de cor; dos cientistas electrónicos minimais e ascéticos até à medula; dos viajantes de todos os sons do mundo que caibam num ficheiro mp3 manhoso. Em dois pisos e num terraço, todos têm tempo de antena. Os concertos podem acontecer em qualquer dia da semana. As surpresas também.
(Rua da Barroca, 59, tel: 21 343 0205)
Music Box
Não é bem uma caixa, antes um paralelepípedo atravessado por arcadas que, sob a Rua do Alecrim, no Cais do Sodré, funciona como o único exemplar lisboeta daqueles clubes eclécticos de música ao vivo que uma pessoa imagina abundarem em cidades como Londres, Barcelona ou Nova Iorque. No Music Box há lugar para quase todas as tribos, embora o rock tenha uma ligeira vantagem. Os concertos costumam acontecer entre quarta e sábado, mas o palco pode ganhar vida em qualquer dia da semana.
(Rua Nova do Carvalho, 24, tel: 21 343 0107)
Onda Jazz
Sendo o jazz um bicho generoso, é natural que na sua onda venham muitos sons amigos. Deve ter sido mais ou menos por este raciocínio que um trio de aventureiros (de que Thierry Riou é o mais conhecido) se meteu faz agora cinco anos. Resultado: no Onda Jazz, em Alfama, de terça a domingo, janta-se e ouve-se jazz (nacional, estrangeiro, miscigenado) e música de África, da América do Sul e de recantos de Portugal. Consta que todos se dão bem entre si, e essas coisas propagam-se pelas mesas.
(Arco de Jesus, 7, tel: 21 888 3242)
Santiago Alquimista
Nesta casa na Costa do Castelo nunca houve discriminações, o que faz dela um lugar bastante requisitado para festas universitárias, concertos rock, maratonas punk e, ultimamente, um volume crescente de sofisticados cantautores estrangeiros. O palco baixo e a abundância de mesas e cadeiras no piso térreo e na varanda que a rodeia podem favorecer um ambiente de intimidade que vem mesmo a calhar quando se tem canções onde a palavra e o registo confessional são coisas de relevo.
(Rua de Santiago, 19, tel: 21 888 4503)
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AFRICANA
Casa da Morna
A Casa da Morna é uma casa dedicada a Cabo Verde – pela comida (o espaço é, primordialmente, um restaurante), pelas artes plásticas (uma da suas áreas está permanentemente ocupada com exposições) e, claro, pela música. Entre os artistas residentes contam-se Tito Paris, também um dos proprietários da Casa (é escutá-lo à quinta-feira no restaurante, onde a banda sonora se deseja mais tranquila), e outro histórico, Dany Silva, que se ocupa da animação do bar às sextas e sábados, a partir da meia-noite (aqui já com mais ritmo). Mas também há surpresas. “É costume aproveitarmos a passagem de artistas de Cabo Verde por Lisboa” para levá-los ao palco da Casa da Morna, conta Ademiro Almeida, também proprietário do espaço. Do leque de visitantes que já por ali passaram em cinco anos de actividade destaca Baú, “que é raro aparecer em Portugal”. Além disso, de vez em quando Tito Paris recebe a visita de amigos como Rui Veloso e Mariza, que não saem dali sem mostrarem o que valem.
(Rua Rodrigues Faria, 21, tel: 21 364 6399)
Associação Cabo-Verdiana
Lisboa e arredores não têm exactamente razões para se lamentarem da falta de sítios para provar comida africana enquanto se escutam mornas, coladeiras ou funanás. Mais difícil é descobrir outro poiso onde seja preciso escalar oito andares e dar de caras com música ao vivo… ao almoço. É o que sucede na Associação Cabo-Verdiana, onde às terças e quintas, das 12.30 às 14.30, Zézé Barbosa pega na guitarra e eleva a voz. Assim, até a cachupa, a cerveja e o resto sabem (ainda) melhor.
(Rua Duque de Palmela, 2, 8º, tel: 21 353 1932)
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BRASILEIRA
Lusitano Clube
Quando pedimos recomendações a amigos, conhecidos e profissionais da coisa sobre o sítio ideal na cidade para escutar música do Brasil ao vivo, as respostas saíram surpreendentemente unânimes: é favor rumar a Alfama e ao vetusto Lusitano Clube, fundado vai para 104 anos, onde todas as terças-feiras se reúne a Roda de Choro Lisboa, hiperactiva formação que se entrega a deliciosas sessões musicais onde cabem baiões, polcas, sambas-choro, valsas, etc. “Eles tocam aqui há 54 semanas, sem interrupção”, avança Luís Carvalho, presidente da direcção do Lusitano. Ao bailarico acorre gente na casa dos 80 anos, e por aí abaixo até aos 20. Curiosamente, “70% das pessoas que cá vêm à terça são de fora da cidade, o que para nós é uma surpresa. Da última vez recebemos um casal de Évora, que veio a Lisboa de propósito por causa do baile.”
As noites da Roda de Choro são um balão de oxigénio para uma colectividade que, há um ano, quando Luís Carvalho tomou posse, se encontrava em “estado de coma”. Não que apareçam muitos brasileiros para dançar – portugueses à parte, as terças têm uma forte participação de “gente nova que está cá através do Erasmus: italianos, alemães, franceses, ingleses, holandeses e muitos espanhóis”. Gente que frequenta as aulas de samba, bolero e gafieira, também à terça, e que fica para pôr os conhecimentos em prática ao som da Roda. É esta audiência heterodoxa que desagua no Lusitano e dá vida a uma casa encravada numa “zona velha, com pessoas de uma faixa etária elevada que pensam duas vezes antes de saírem de casa”.
(Rua São João da Praça, 81, r/c, tel: 21 886 9472)
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COVERS
Rock in Chiado
Os nomes das bandas que passam por este bar-restaurante dizem ao que vêm com clareza q.b.: os Oitentamente especializam-se em versões de êxitos da década de 80; Bad Name é um colectivo que presta cuidadoso tributo aos Bom Jovi; e The Fly só pode ser uma banda com os olhos (e os óculos escuros) postos nos U2. As bandas de covers e de tributo são os dois pratos principais da ementa musical do Rock in Chiado e são maioritários nas noites de quinta a sábado, à frente dos serões de karaoke à quarta-feira e da aposta regular em jovens bandas pop-rock.
Esta é banda sonora de um espaço que abriu portas em 1941, chamou-se Nini, e que só há três anos assumiu a forma de Rock in Chiado. O público que aqui vem atrás das bandas de versões é “muito abrangente”, descreve João Mesquita, responsável pela sala. À excepção dos clientes dos jantares universitários que, nesta altura do ano, preenchem os fins-de-semana, a média etária de quem vem aos espectáculos de covers e tributo corresponde à idade das bandas homenageadas. Quando o assunto são os U2 ou os Queen (a grupo de Freddie Mercury tem aqui uma sombra chamada One Vision), a plateia enche-se de quarentões e cinquentões, mas chegada a vez de recriar os standards grunge dos anos 90, com largo e inevitável destaque para os Pearl Jam, é ver os trintões a entrarem pela porta. Todos podem ir ao Rock in Chiado “só para beber um copo e ouvir música”. Tradução: o restaurante está separado do bar.
(Rua Paiva de Andrade, 7/13, tel: 21 346 48 59)
Arena Lounge
Nada a temer: a ampla sala que recebe os que entram no Casino Lisboa não tem fama de fazer jus ao nome, devorando os músicos que dão por si em plena Arena. E muitos são os músicos que por ali passam todos os dias da semana, ocupando posições na ranhura a eles destinada numa das paredes a sala. O som que dali sai tanto pode andar pela homenagem à bossa nova e aos blues como pela entrega de êxitos pop-funk-soul das últimas décadas, quer em versões aparentadas com os originais, quer em reviravoltas jazzísticas.
(Casino Lisboa, Alameda dos Oceanos 1.03.01 Parque das Nações, tel: 21 892 9000)
Speakeasy
Se a ideia é procurar um sítio sofisticado onde escutar uma gama altamente versátil de canções que apelam à memória enquanto janta ou bebe um copo, então aqui tem virtualmente tudo o que precisa. No departamento musical, e de terça a sábado, é tão frequente deparar-se com gente de elevado currículo técnico a recriar clássicos do jazz vocal e da bossa nova como conhecer algumas das bandas com maior rodagem no circuito das covers + tributos rock. Incluindo os grandes dinossauros dos grupos que em Portugal se dedicam às versões de temas alheios – os temíveis Ferro & Fogo, há 31 anos ao seu dispor.
(Cais das Oficinas, Armazém 115, Rocha Conde d’Óbidos, tel: 21 396 4257)
Templários Bar
Não consta que os proprietários deste bar em Alvalade sejam cavaleiros em missão evangelizadora, mas não faltam exemplos de quem passa por ali de segunda a sábado e fica convertido ao espaço (mesmo que o romance não seja de longa duração), sobretudo a população que aprecia músicos de fino recorte técnico, de preferência ao serviço de canções reconhecíveis aos primeiros acordes. Bandas importante do circuito de covers da capital costumam animar os Templários, dos XPTO aos Soulbreezz e aos Pim Pam Pum.
(Rua Flores de Lima, 8 A, tel: 21 797 0177)
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FADO
Tasca do Jaime
Casas com espectáculos de fado em Lisboa há aos molhos, mas quando se procura uma onde seja possível contornar a refeição a preços generosos e reduzir a experiência (e a despesa) ao eixo essencial fado + petisco + um ou dez copos, as opções afunilam dramaticamente. É neste pequeno grupo que se vai encontrar a tasca que Jaime Nunes e a sua esposa, Laura Nunes, gerem há duas décadas, e que passou a ter uma equipa de músicos ao dispor de cantores de ocasião quando se chegou à década de 90. “O Jaime sempre gostou de fado, comprava instrumentos e gostava de tocá-los aqui”, lembra Laura Nunes. “As pessoas que iam a passar na rua ouviam-no e paravam, entravam e perguntavam se podiam cantar, e foi a partir daí que isto começou a desenvolver-se. Aconteceu tudo sem planearmos. Não teve a ver com dinheiro.”
Aos sábados, domingos e feriados, pela tarde, a pequenina Tasca do Jaime fica de lotação mais do que esgotada para ouvir fado que brota, literalmente, das ruas e vielas da freguesia da Graça. A plateia dessas sessões mistura clientes mais do que habituais e muitos curiosos, nacionais e estrangeiros, que aqui chegam por recomendação directa de amigos ou familiares que foram à Tasca, gostaram e levaram cartões da casa. Todavia, todos eles têm de submeter-se a uma regra basilar desta cultura: “Quando chega a hora do fado, sou rigorosamente rígida”, previne Laura Nunes: “Se querem assistir, têm de estar calados. A parelha de músicos é paga, mas a recompensa que podemos dar aos cantores é o nosso silêncio.”
Entre os repetentes encartados da Tasca do Jaime destaca-se Álvaro Rodrigues. “É um senhor que tem 88 anos, canta e já foi poeta, mas fazia isso tudo como hóbi. Diz-nos que foi fiscal dos azeites. Sempre veio cá ao fim-de-semana, sentava-se a uma mesa e estava ali a escrever versos. Ainda canta, mas nem sempre. É uma referência muito boa, muito alegre.”
(Rua da Graça, 91, tel: 21 888 1560)
Bartô
O bar do Chapitô com a vista estonteante sobre Lisboa na página do fado? Se se espanta é porque tem andado distraído. Todas as terças-feiras, a partir das 22.00, o Bartô acolhe as “Noites de Tertúlia Onde o Fado Acontece”. Neste caso, o fado acontece a partir de uma equipa fixa de três músicos, comandada pelo guitarrista Ricardo Rocha, e que se completa com a viola de Marco Oliveira e o contrabaixo de João Penedo A eles junta-se, em cada semana, uma voz convidada. Se gosta de fado que não tem receio de se meter pela modernidade e por caminhos menos ortodoxos, tem de subir até ao Bartô.
(Rua Costa do Castelo, 7, tel: 218867334)
Mesa de Frades
Muita gente procura esta capela de Alfama transformada em casa de fado para mergulhar na Lisboa antiga, jantar com vista sobre painéis de azulejos com mais 200 anos e esperar pelo momento em que as pesadas portas de madeira se fecham. É nesse instante que, entre o silêncio e as luzes enfraquecidas, a música começa – e só pára à terça-feira. Para turistas ou para cidadãos de Lisboa, a Mesa de Frades é sítio de justificada reputação e visita francamente aconselhada – e pode aparecer só depois da refeição, que ali não falta de beber.
(Rua dos Remédios, 139 A, tel: 91 702 94 36)
A Tasca do Chico
No Bairro Alto, a casa de fado mais falada, requisitada, barata, mítica é gerida por um retinto… portista. Às segundas e quartas à noite canta na Tasca quem quiser, e quem quiser tanto pode ser uma estrela do tamanho de Mariza como o não menos mítico taxista que, ao início da madrugada, pára o carro à porta, irrompe por aquele espaço pejado de cachecóis futebolísticos e de história(s) do fado emoldurada(s) e ocupando todos os centímetros de parede, solta a voz amparada pelas cordas das guitarras, sai e volta a arrancar rua afora.
(Rua do Diário de Notícias, 39, tel: 21 350 6022)
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JAZZ
Catacumbas Jazz Bar
Não abundam os espaços em Lisboa e arredores onde se possa escutar jazz com aquela regularidade militante a que se costuma aplicar o termo “clube”, mas os poucos que existem ostentam uma programação que parece feita para se evitar sobreposições, o que é sensato.
Um desses espaços tinha que estar, inevitavelmente, na grande caldeirada de estilos e tribos chamada Bairro Alto. No Catacumbas Jazz Bar dá-se tempo de antena ao jazz e aos blues, e nem Manuel Pais, o dono da casa, escapa à tentação de subir ao palco: quando por ali passar e reparar que há sessão de blues com um tal de CatMan, pode ter a certeza que Manuel Pais estará no mesmo lugar, à mesma hora. Quando em 1998 transformou o café de bairro que estava nas mãos da família desde 1963 no Catacumbas, Pais já “gostava de jazz há muitos anos”, mas não conhecia muita gente do meio jazzístico da capital, o que obrigou a um estabelecimento gradual de contactos que agora já lhe permitem ceder o palco com regularidade a estudantes de música.
É o próprio Manuel Pais que descreve as salas do Catacumbas como um conjunto “pequeno, acolhedor e informal”. E não se pense que o nome da sala e as suas dimensões são uma espécie de convite ao elitismo: “O ambiente não é muito especializado. Temos todo o tipo de público.” Numa semana normal de Catacumbas, começa-se sempre com jam sessions de jazz (à segunda) e blues (terça), e a música ao vivo prossegue até sexta.
(Travessa Água da Flor, 43, tel: 21 346 3969)
Be Jazz Café
Funciona como a célula de resistência do jazz na margem sul. Com sede no Barreiro, é um espaço nocturno de porta aberta de quarta a sábado, mas é somente ao sábado que se os instrumentos musicais entram em acção. É frequente encontrar por ali músicos internacionais. E não se espante se ao jazz se juntarem outros aromas, do funk à soul, mas sobretudo os blues, a bossa nova e o rock dos anos 70, que vem conquistando os favores do público nos últimos tempos.
(Rua Salvador Correia de Sá, 14, Barreiro, tel: 93 324 4400)
Espaço Lisboa Jazz Club
Abriu no início deste ano em Alcântara, e às sextas-feiras, a partir das 22.00, dá vida musical ao primeiro andar do restaurante Espaço Lisboa. Tem ao leme Laura Ferreira, cantora experiente em várias tonalidades jazzísticas, o que ajuda a que a programação do clube seja heterodoxa, podendo chegar à “bossa nova, easy listening, blues e fusão” (lê-se no respectivo site). E se não houve tempo para comer antes de vogar até ao Espaço Lisboa Jazz Club, saiba que há aqui ceia à sua disposição.
(Rua da Cozinha Económica, 16, tel: 21 361 0210)
Hot Clube de Portugal
É, de longe, o papa dos clubes vocacionados para o jazz em Portugal, e um caso invulgaríssimo de longevidade: 61 anos a servir de plataforma para uma música que nasceu na América e ganhou sotaques próprios no resto do mundo. O Hot Clube é uma cave pequena (mais um jardim que ajuda a respirar quando as condições climatéricas permitem) que recebe jazz feito por músicos portugueses e estrangeiros de terça a sábado, incluindo gente que se forma no seu próprio estabelecimento de ensino, a Escola de Jazz Luís Villas-Boas. Indispensável.
(Praça da Alegria, 39, tel: 21 346 7369)
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KARAOKE
Musicais
Podemos já estar na extremidade ribeirinha de Alfama, mas não é por isso que o fado não chega à Doca do Jardim do Tabaco, entra subtilmente pela esplanada do Musiciais e instala-se… na máquina de karaoke. Boa opção, a do fado, já que este é um dos repertórios favoritos de quem ali procura ser cantor durante três minutos e meio. Quem o diz é Tiago Lacerda, responsável da casa, não deixando de ressalvar que a pop e outras sonoridades “muito variadas” também têm os favores da população. Tudo com um ponto em comum: “Cantam-se maioritariamente músicas portuguesas.”
E é habitual a malta entusiasmar-se com as cantorias, virar presença assídua no karaoke do Musicais e dar por si pequenas lendas locais? Tiago Lacerda é magnânimo na resposta: “Estrelas são todos, porque o que interessa é participar e divertir-se. Mesmo quem canta muito mal sobe ao palco e passa a sentir-se uma estrela.” Mas também há estrelas, ou pelo menos gente publicamente conhecida, das revistas e/ou da televisão e/ou dos discos, que já ali abriu a boca para dar música ao Musicais. Lacerda lembra-se de já lá ter ouvido Alex (sim, Mister Gay), Pedro Granger, Ana Lamy e Raquel Matos Cruz.
“O karaoke neste momento tem bastante importância na chamada de clientes ao Musicais, e vem muita gente de propósito” a estas sessões, sublinha Tiago Lacerda. De terça a quinta, o karaoke pode ser estimulado pelas promoções a sangria e caipirinha, mas é à sexta e sábado que a coisa dispara: “Muitos grupos organizam connosco jantares e depois ficam para o karaoke.”
(Av. Infante D. Henrique, Doca do Jardim do Tabaco, Pav. A/B, tel: 93 853 8193)
Almirante Bar
Tudo o que precisa ou nem sequer imagina precisar parece existir neste complexo para os lados de Loures. Ele é uma quinta para casamentos, baptizados e outros ajuntamentos especiais; ele é um restaurante também vocacionado para encontros de grandes dimensões; e ele é, claro, um bar já com 16 anos de existência e que se orgulha da especialização em karaoke (também tem música ao vivo). A loucura à volta da máquina das canções dos outros acontece todas as quintas-feiras, a partir das nove da noite.
(Rua Comandante Sacadura Cabral 106 B - Ponte de Frielas, Santo António de Cavaleiros, 21 989 8001)
Marisqueira Chinesa
Sim, uma marisqueira chinesa – a capacidade de desenrascanço dita que a culinária chinesa pode ser (quase) tudo o que se desejar. Nesta nobre casa de espaço generoso, a um passo da Avenida Duque de Loulé e a um quarteirão de distância do não menos nutritivo Elefante Branco, há uma máquina de karaoke (a que agora lá está é novinha em folha, um upgrade a sério) que é a pedra de toque de festas de aniversário, despedidas de solteiro, jantares universitários e repastos de confraternização da malta lá do escritório. Reza a lenda que ir à Marisqueira Chinesa e passar à margem do karaoke pode despoletar mil anos de maldição.
(Rua Bernardo Lima, 48, tel: 21 314 0726)
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ROCK
In Live Caffé
Nada de adaptações às três pancadas: em vez de um bar normal com um estrado e um PA manhoso a um canto, o que Joaquim Pereira pensou para o In Live Caffé, em meados desta década, foi “uma casa de música ao vivo a sério. Tivemos em conta os pormenores acústicos, o isolamento, etc. A ideia era assegurar um espaço de qualidade para concertos”.
O In Live Caffé existe na Moita e, apesar de ter aberto as portas há pouco mais de quatro anos, nesse espaço de tempo o seu proprietário já assistiu a uma pequena explosão de sítios similares na margem sul e, ultimamente, a uma certa retracção. Como é que o In Live tenciona resistir a estes caprichos? Embora a casa tenha portas abertas a todos os sabores musicais, olha-se para a sua programação mensal e ela é claramente dominada pelo rock, sobretudo pelo metal, pelos sons alternativos e pelas bandas de versões. Joaquim Pereira encontra duas explicações para esta tendência: “É esse o tipo de grupos que nos procura mais e também o que parece ter mais vontade de tocar ao vivo. Além disso, o metal é o género que atrai mais público.”
O recrutamento de bandas para o In Live Caffé começou pela Moita e arredores, “mas depois a sala criou nome, as pessoas foram passando a palavra através do MySpace, do Hi5 e do Facebook”, e hoje em dia chegam propostas de actuações de grupos de todo o país. E apesar de se tratar de um “negócio muito complicado, porque o que fazemos também é cultura mas não temos quaisquer apoios”, Joaquim Pereira afiança que a agenda do In Live Caffé já está “completa até ao fim do ano. E só com bandas que nos procuraram”…
(Rua João Luis da Cruz, 2, 4, e 6, Moita, tel: 91 718 5869)
Espaço Reflexo
É uma casa de extracção recente. Nasceu em Sintra, a pouca distância do Centro Cultural Olga Cadaval, e nela a Reflexo – Associação Cultural e Teatral produz espectáculos de dança e teatro, organiza workshops e monta exposições. É no bar, que abre portas às sextas e sábados, que todas as semanas se oferece tempo de antena a novas bandas nacionais, sobretudo às que professam a ideologia indie e/ou apreciem sonoridades acústicas e/ou não tiverem problemas em arriscar um módico de experimentação.
(Avenida Heliodoro Salgado, 41, Sintra, tel: 214 213 188)
Livraria Trama
A música que aqui se ouve ao vivo não se resume a um ou dois estilos, mas lá que a Trama costuma dar uma ajuda a projectos nacionais de raiz pop-rock de meios sumários mas imaginação acima da média, lá isso costuma. Além de funcionar como uma livraria de dois pisos, este espaço no Rato também tem cafetaria e gosta de abrir as portas a exposições e performances várias. Os concertos tendem acontecer à sexta e sábado, alturas em que a Trama estica o horário até à meia-noite.
(Rua São Filipe Nery, 25B, tel: 21 388 8257)
Renhau-nhau
Nasceu há muito pouco tempo na Costa da Caparica, o nome evoca felinos estilosos, e tenciona cozinhar uma salada de frutas de artes, disponibilizando o seu espaço para teatro, stand-up comedy, dança, exposições, workshops e exposições – o que é ambicioso. A sala que acolhe concertos é ampla, e vem sendo anfitriã de actuações de grupos rock da zona, de bandas de tributo e de jazz e difícil qualificação. A música ao vivo, promete a gerência, é algo eu pode acontecer em qualquer noite da semana.
(Avenida General Humberto Delgado, 47, Costa da Caparica, tel: 21 291 8900)
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TRADICIONAL
Taverna dos Trovadores
Fernando Pereira abriu as portas da Taverna em S. Pedro de Sintra vai para 20 anos. É certo que ele não deixa de realçar a “óptima garrafeira” que por lá se encontra, assim como a “gastronomia tradicional portuguesa variada” servida no restaurante inaugurado há menos tempo (em 1999), mas desta vez é pela música que a Time Out aqui chega. A Taverna dos Trovadores põe o palco a funcionar ao fim-de-semana e, também neste departamento, a política da casa não vacila: “Aqui há sempre música portuguesa, da tradicional à mais popular.” Sim, um certo sabor celta pode ser adicionado ao caldeirão, e agora também há fado sábado sim sábado não, mas entre cantores mais populares e intérpretes com um universo mais restrito e introspectivo, a identidade da Taverna está protegida.
Há outra razão forte para que a música tradicional portuguesa seja o prato sonoro principal (ou único) da casa. É que Fernando Pereira já vai em quatro décadas de carreira como músico, primeiro a bordo do colectivo GAC – Vozes na Luta, em plena alta temperatura pós-revolucionária. Os anos 80 dividiram-se entre a banda de Paco Bandeira durante um dos períodos de maior sucesso do cantor de Elvas (um grupo de apoio dirigido por Pedro Osório) e os Romanças. Desde 95, Pereira toca guitarra e é a voz dos Real Companhia, formação que, naturalmente, sobe com regularidade (“tocamos aqui de dois em dois meses”) ao palco da Taverna dos Trovadores.
Neste espaço há também uma loja (vende vinhos, compota, especiarias) a dividir as atenções com o restaurante e o bar, e é frequente que alguns amigos das andanças musicais de Fernando Pereira dêem um salto a este canto de S. Pedro de Sintra para comer, beber e, inevitavelmente, subir ao palco. É o caso de Rui Veloso, de Pedro Moutinho ou de José Mário Branco. Dito isto, o anfitrião esclarece que não tem quaisquer dificuldades a arranjar músicos e bandas para completar o cartaz da Taverna: “Há muita malta nova fazer isto. Alguns têm, naturalmente, uma qualidade ainda sofrível, mas o problema com que aqui nos debatemos é mais o de excesso de bandas.”
Sobre a clientela do seu espaço, Pereira esclarece que são maioritariamente “pessoas que sabem ao que vão”. A informação e a recomendação transmite-se “boca-a-boca, e tem sido sempre a multiplicar”. E como o bar tem uma lotação que se fica “mais ou menos pelas 100 pessoas”, é frequente ele encher apenas com a clientela que sai do restaurante para mergulhar na sala de madeira onde se escutam várias raízes da música nacional.
(Praça D. Fernando II, 18 - Porta 6, S. Pedro de Sintra, tel: 21 923 3548)
Inda a Noite É uma Criança
Este bar existe para os lados de São Bento há já um quarto de século e costuma ser gabado pelo ambiente familiar e nostálgico e pelos petiscos de ocasião. A música que lá se ouve costuma sair de guitarras acústicas, e embora a música popular portuguesa seja o tom dominante, não é raro ouvirem-se incursões pela folk de ressonância política de outros tempos. No Inda a Noite É uma Criança, o 25 de Abril é mesmo para sempre. Abre às 22.30, fecha pelas 4.00, e os domingos são mesmo para descansar.
(Praça das Flores, 8, tel: 21 396 3545)
Tambor q Fala
A sede dos múltiplos projectos de Rui Júnior e da Associação Tocá Rufar alberga este café-concerto, que abre ao público todas as sextas-feiras e sábado. A música ao vivo costuma arrancar pelas 22.00, apresentando uma programação variada de onde a música ligada às raízes portuguesas nunca poderia ausentar-se. No primeiro fim-de-semana de cada mês há sempre concertos da Orquestra Tocá Rufar, e para meados de Novembro a organização promete duas noites com o grupo de percussão O Ó que Som Tem?, de Rui Júnior.
(Rua José Vicente Gonçalves, 8J, Parque Industrial do Seixal, tel: 21 226 9090)
Backstreet Boys
Do Oriente a Alcântara, da Moita a Sintra, a capital e os arredores abundam em bares, clubes e restaurantes que já não passam sem música ao vivo. Nas páginas que se seguem, Jorge Manuel Lopes oferece-lhe um guia de estilos para lugares novinhos em folha ou centenários, esquecidos ou consagrados. Mas antes de mergulhar nos especialistas, é de bom tom afixar este quadro de honra lisboeta da noite musical em directo. Se começar por aqui, de certeza que começa bem
Cabaret Maxime
Não se deixe distrair (pronto, deixe-se) pelo historial de mulheres voluptuosas de escassa roupa ou pelos preciosos souvenirs de outras eras (cartazes, capas de discos) que adornam as paredes do cabaré da Praça da Alegria. Sim, porque aqui, agora, cultiva-se mesmo a sério a música e o entretenimento. Por estes dias, as sessões de terça-feira estão entregues à comédia stand-up, mas daí em diante há crooners mais ou menos charmosos com strippers vintage de luxo, bailes burlescos, pop, rock e funk de cá e do estrangeiro, e até Ágata.
(Praça da Alegria, 58, tel: 213467090)
Fábrica Braço de Prata
Neste vasto edifício na zona oriental da cidade há livros por toda a parte, e não são só para embelezar as prateleiras. Sim, também nunca faltam exposições, teatro e cinema. Mas é para a música ao vivo que o Braço de Prata mais serve, com três salas a laborar a pleno vapor: a Visconti, a Nietzsche e a Prado Coelho. De quarta a sábado, é só picar o ponto na Fábrica e escolher entre jazz, pop, world music, experiências sónicas, fado…
(Rua da Fábrica do Material de Guerra, 1, tel: 96 743 5743)
Galeria Zé dos Bois
A ZdB é a santa padroeira dos psicadélicos inveterados; dos freaks que twittam; dos amantes daquele jazz abrasivo que há muito ultrapassou a última fronteira; dos defensores da pop de baixo orçamento mas ruidosa, festiva e com toneladas de cor; dos cientistas electrónicos minimais e ascéticos até à medula; dos viajantes de todos os sons do mundo que caibam num ficheiro mp3 manhoso. Em dois pisos e num terraço, todos têm tempo de antena. Os concertos podem acontecer em qualquer dia da semana. As surpresas também.
(Rua da Barroca, 59, tel: 21 343 0205)
Music Box
Não é bem uma caixa, antes um paralelepípedo atravessado por arcadas que, sob a Rua do Alecrim, no Cais do Sodré, funciona como o único exemplar lisboeta daqueles clubes eclécticos de música ao vivo que uma pessoa imagina abundarem em cidades como Londres, Barcelona ou Nova Iorque. No Music Box há lugar para quase todas as tribos, embora o rock tenha uma ligeira vantagem. Os concertos costumam acontecer entre quarta e sábado, mas o palco pode ganhar vida em qualquer dia da semana.
(Rua Nova do Carvalho, 24, tel: 21 343 0107)
Onda Jazz
Sendo o jazz um bicho generoso, é natural que na sua onda venham muitos sons amigos. Deve ter sido mais ou menos por este raciocínio que um trio de aventureiros (de que Thierry Riou é o mais conhecido) se meteu faz agora cinco anos. Resultado: no Onda Jazz, em Alfama, de terça a domingo, janta-se e ouve-se jazz (nacional, estrangeiro, miscigenado) e música de África, da América do Sul e de recantos de Portugal. Consta que todos se dão bem entre si, e essas coisas propagam-se pelas mesas.
(Arco de Jesus, 7, tel: 21 888 3242)
Santiago Alquimista
Nesta casa na Costa do Castelo nunca houve discriminações, o que faz dela um lugar bastante requisitado para festas universitárias, concertos rock, maratonas punk e, ultimamente, um volume crescente de sofisticados cantautores estrangeiros. O palco baixo e a abundância de mesas e cadeiras no piso térreo e na varanda que a rodeia podem favorecer um ambiente de intimidade que vem mesmo a calhar quando se tem canções onde a palavra e o registo confessional são coisas de relevo.
(Rua de Santiago, 19, tel: 21 888 4503)
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AFRICANA
Casa da Morna
A Casa da Morna é uma casa dedicada a Cabo Verde – pela comida (o espaço é, primordialmente, um restaurante), pelas artes plásticas (uma da suas áreas está permanentemente ocupada com exposições) e, claro, pela música. Entre os artistas residentes contam-se Tito Paris, também um dos proprietários da Casa (é escutá-lo à quinta-feira no restaurante, onde a banda sonora se deseja mais tranquila), e outro histórico, Dany Silva, que se ocupa da animação do bar às sextas e sábados, a partir da meia-noite (aqui já com mais ritmo). Mas também há surpresas. “É costume aproveitarmos a passagem de artistas de Cabo Verde por Lisboa” para levá-los ao palco da Casa da Morna, conta Ademiro Almeida, também proprietário do espaço. Do leque de visitantes que já por ali passaram em cinco anos de actividade destaca Baú, “que é raro aparecer em Portugal”. Além disso, de vez em quando Tito Paris recebe a visita de amigos como Rui Veloso e Mariza, que não saem dali sem mostrarem o que valem.
(Rua Rodrigues Faria, 21, tel: 21 364 6399)
Associação Cabo-Verdiana
Lisboa e arredores não têm exactamente razões para se lamentarem da falta de sítios para provar comida africana enquanto se escutam mornas, coladeiras ou funanás. Mais difícil é descobrir outro poiso onde seja preciso escalar oito andares e dar de caras com música ao vivo… ao almoço. É o que sucede na Associação Cabo-Verdiana, onde às terças e quintas, das 12.30 às 14.30, Zézé Barbosa pega na guitarra e eleva a voz. Assim, até a cachupa, a cerveja e o resto sabem (ainda) melhor.
(Rua Duque de Palmela, 2, 8º, tel: 21 353 1932)
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BRASILEIRA
Lusitano Clube
Quando pedimos recomendações a amigos, conhecidos e profissionais da coisa sobre o sítio ideal na cidade para escutar música do Brasil ao vivo, as respostas saíram surpreendentemente unânimes: é favor rumar a Alfama e ao vetusto Lusitano Clube, fundado vai para 104 anos, onde todas as terças-feiras se reúne a Roda de Choro Lisboa, hiperactiva formação que se entrega a deliciosas sessões musicais onde cabem baiões, polcas, sambas-choro, valsas, etc. “Eles tocam aqui há 54 semanas, sem interrupção”, avança Luís Carvalho, presidente da direcção do Lusitano. Ao bailarico acorre gente na casa dos 80 anos, e por aí abaixo até aos 20. Curiosamente, “70% das pessoas que cá vêm à terça são de fora da cidade, o que para nós é uma surpresa. Da última vez recebemos um casal de Évora, que veio a Lisboa de propósito por causa do baile.”
As noites da Roda de Choro são um balão de oxigénio para uma colectividade que, há um ano, quando Luís Carvalho tomou posse, se encontrava em “estado de coma”. Não que apareçam muitos brasileiros para dançar – portugueses à parte, as terças têm uma forte participação de “gente nova que está cá através do Erasmus: italianos, alemães, franceses, ingleses, holandeses e muitos espanhóis”. Gente que frequenta as aulas de samba, bolero e gafieira, também à terça, e que fica para pôr os conhecimentos em prática ao som da Roda. É esta audiência heterodoxa que desagua no Lusitano e dá vida a uma casa encravada numa “zona velha, com pessoas de uma faixa etária elevada que pensam duas vezes antes de saírem de casa”.
(Rua São João da Praça, 81, r/c, tel: 21 886 9472)
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COVERS
Rock in Chiado
Os nomes das bandas que passam por este bar-restaurante dizem ao que vêm com clareza q.b.: os Oitentamente especializam-se em versões de êxitos da década de 80; Bad Name é um colectivo que presta cuidadoso tributo aos Bom Jovi; e The Fly só pode ser uma banda com os olhos (e os óculos escuros) postos nos U2. As bandas de covers e de tributo são os dois pratos principais da ementa musical do Rock in Chiado e são maioritários nas noites de quinta a sábado, à frente dos serões de karaoke à quarta-feira e da aposta regular em jovens bandas pop-rock.
Esta é banda sonora de um espaço que abriu portas em 1941, chamou-se Nini, e que só há três anos assumiu a forma de Rock in Chiado. O público que aqui vem atrás das bandas de versões é “muito abrangente”, descreve João Mesquita, responsável pela sala. À excepção dos clientes dos jantares universitários que, nesta altura do ano, preenchem os fins-de-semana, a média etária de quem vem aos espectáculos de covers e tributo corresponde à idade das bandas homenageadas. Quando o assunto são os U2 ou os Queen (a grupo de Freddie Mercury tem aqui uma sombra chamada One Vision), a plateia enche-se de quarentões e cinquentões, mas chegada a vez de recriar os standards grunge dos anos 90, com largo e inevitável destaque para os Pearl Jam, é ver os trintões a entrarem pela porta. Todos podem ir ao Rock in Chiado “só para beber um copo e ouvir música”. Tradução: o restaurante está separado do bar.
(Rua Paiva de Andrade, 7/13, tel: 21 346 48 59)
Arena Lounge
Nada a temer: a ampla sala que recebe os que entram no Casino Lisboa não tem fama de fazer jus ao nome, devorando os músicos que dão por si em plena Arena. E muitos são os músicos que por ali passam todos os dias da semana, ocupando posições na ranhura a eles destinada numa das paredes a sala. O som que dali sai tanto pode andar pela homenagem à bossa nova e aos blues como pela entrega de êxitos pop-funk-soul das últimas décadas, quer em versões aparentadas com os originais, quer em reviravoltas jazzísticas.
(Casino Lisboa, Alameda dos Oceanos 1.03.01 Parque das Nações, tel: 21 892 9000)
Speakeasy
Se a ideia é procurar um sítio sofisticado onde escutar uma gama altamente versátil de canções que apelam à memória enquanto janta ou bebe um copo, então aqui tem virtualmente tudo o que precisa. No departamento musical, e de terça a sábado, é tão frequente deparar-se com gente de elevado currículo técnico a recriar clássicos do jazz vocal e da bossa nova como conhecer algumas das bandas com maior rodagem no circuito das covers + tributos rock. Incluindo os grandes dinossauros dos grupos que em Portugal se dedicam às versões de temas alheios – os temíveis Ferro & Fogo, há 31 anos ao seu dispor.
(Cais das Oficinas, Armazém 115, Rocha Conde d’Óbidos, tel: 21 396 4257)
Templários Bar
Não consta que os proprietários deste bar em Alvalade sejam cavaleiros em missão evangelizadora, mas não faltam exemplos de quem passa por ali de segunda a sábado e fica convertido ao espaço (mesmo que o romance não seja de longa duração), sobretudo a população que aprecia músicos de fino recorte técnico, de preferência ao serviço de canções reconhecíveis aos primeiros acordes. Bandas importante do circuito de covers da capital costumam animar os Templários, dos XPTO aos Soulbreezz e aos Pim Pam Pum.
(Rua Flores de Lima, 8 A, tel: 21 797 0177)
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FADO
Tasca do Jaime
Casas com espectáculos de fado em Lisboa há aos molhos, mas quando se procura uma onde seja possível contornar a refeição a preços generosos e reduzir a experiência (e a despesa) ao eixo essencial fado + petisco + um ou dez copos, as opções afunilam dramaticamente. É neste pequeno grupo que se vai encontrar a tasca que Jaime Nunes e a sua esposa, Laura Nunes, gerem há duas décadas, e que passou a ter uma equipa de músicos ao dispor de cantores de ocasião quando se chegou à década de 90. “O Jaime sempre gostou de fado, comprava instrumentos e gostava de tocá-los aqui”, lembra Laura Nunes. “As pessoas que iam a passar na rua ouviam-no e paravam, entravam e perguntavam se podiam cantar, e foi a partir daí que isto começou a desenvolver-se. Aconteceu tudo sem planearmos. Não teve a ver com dinheiro.”
Aos sábados, domingos e feriados, pela tarde, a pequenina Tasca do Jaime fica de lotação mais do que esgotada para ouvir fado que brota, literalmente, das ruas e vielas da freguesia da Graça. A plateia dessas sessões mistura clientes mais do que habituais e muitos curiosos, nacionais e estrangeiros, que aqui chegam por recomendação directa de amigos ou familiares que foram à Tasca, gostaram e levaram cartões da casa. Todavia, todos eles têm de submeter-se a uma regra basilar desta cultura: “Quando chega a hora do fado, sou rigorosamente rígida”, previne Laura Nunes: “Se querem assistir, têm de estar calados. A parelha de músicos é paga, mas a recompensa que podemos dar aos cantores é o nosso silêncio.”
Entre os repetentes encartados da Tasca do Jaime destaca-se Álvaro Rodrigues. “É um senhor que tem 88 anos, canta e já foi poeta, mas fazia isso tudo como hóbi. Diz-nos que foi fiscal dos azeites. Sempre veio cá ao fim-de-semana, sentava-se a uma mesa e estava ali a escrever versos. Ainda canta, mas nem sempre. É uma referência muito boa, muito alegre.”
(Rua da Graça, 91, tel: 21 888 1560)
Bartô
O bar do Chapitô com a vista estonteante sobre Lisboa na página do fado? Se se espanta é porque tem andado distraído. Todas as terças-feiras, a partir das 22.00, o Bartô acolhe as “Noites de Tertúlia Onde o Fado Acontece”. Neste caso, o fado acontece a partir de uma equipa fixa de três músicos, comandada pelo guitarrista Ricardo Rocha, e que se completa com a viola de Marco Oliveira e o contrabaixo de João Penedo A eles junta-se, em cada semana, uma voz convidada. Se gosta de fado que não tem receio de se meter pela modernidade e por caminhos menos ortodoxos, tem de subir até ao Bartô.
(Rua Costa do Castelo, 7, tel: 218867334)
Mesa de Frades
Muita gente procura esta capela de Alfama transformada em casa de fado para mergulhar na Lisboa antiga, jantar com vista sobre painéis de azulejos com mais 200 anos e esperar pelo momento em que as pesadas portas de madeira se fecham. É nesse instante que, entre o silêncio e as luzes enfraquecidas, a música começa – e só pára à terça-feira. Para turistas ou para cidadãos de Lisboa, a Mesa de Frades é sítio de justificada reputação e visita francamente aconselhada – e pode aparecer só depois da refeição, que ali não falta de beber.
(Rua dos Remédios, 139 A, tel: 91 702 94 36)
A Tasca do Chico
No Bairro Alto, a casa de fado mais falada, requisitada, barata, mítica é gerida por um retinto… portista. Às segundas e quartas à noite canta na Tasca quem quiser, e quem quiser tanto pode ser uma estrela do tamanho de Mariza como o não menos mítico taxista que, ao início da madrugada, pára o carro à porta, irrompe por aquele espaço pejado de cachecóis futebolísticos e de história(s) do fado emoldurada(s) e ocupando todos os centímetros de parede, solta a voz amparada pelas cordas das guitarras, sai e volta a arrancar rua afora.
(Rua do Diário de Notícias, 39, tel: 21 350 6022)
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JAZZ
Catacumbas Jazz Bar
Não abundam os espaços em Lisboa e arredores onde se possa escutar jazz com aquela regularidade militante a que se costuma aplicar o termo “clube”, mas os poucos que existem ostentam uma programação que parece feita para se evitar sobreposições, o que é sensato.
Um desses espaços tinha que estar, inevitavelmente, na grande caldeirada de estilos e tribos chamada Bairro Alto. No Catacumbas Jazz Bar dá-se tempo de antena ao jazz e aos blues, e nem Manuel Pais, o dono da casa, escapa à tentação de subir ao palco: quando por ali passar e reparar que há sessão de blues com um tal de CatMan, pode ter a certeza que Manuel Pais estará no mesmo lugar, à mesma hora. Quando em 1998 transformou o café de bairro que estava nas mãos da família desde 1963 no Catacumbas, Pais já “gostava de jazz há muitos anos”, mas não conhecia muita gente do meio jazzístico da capital, o que obrigou a um estabelecimento gradual de contactos que agora já lhe permitem ceder o palco com regularidade a estudantes de música.
É o próprio Manuel Pais que descreve as salas do Catacumbas como um conjunto “pequeno, acolhedor e informal”. E não se pense que o nome da sala e as suas dimensões são uma espécie de convite ao elitismo: “O ambiente não é muito especializado. Temos todo o tipo de público.” Numa semana normal de Catacumbas, começa-se sempre com jam sessions de jazz (à segunda) e blues (terça), e a música ao vivo prossegue até sexta.
(Travessa Água da Flor, 43, tel: 21 346 3969)
Be Jazz Café
Funciona como a célula de resistência do jazz na margem sul. Com sede no Barreiro, é um espaço nocturno de porta aberta de quarta a sábado, mas é somente ao sábado que se os instrumentos musicais entram em acção. É frequente encontrar por ali músicos internacionais. E não se espante se ao jazz se juntarem outros aromas, do funk à soul, mas sobretudo os blues, a bossa nova e o rock dos anos 70, que vem conquistando os favores do público nos últimos tempos.
(Rua Salvador Correia de Sá, 14, Barreiro, tel: 93 324 4400)
Espaço Lisboa Jazz Club
Abriu no início deste ano em Alcântara, e às sextas-feiras, a partir das 22.00, dá vida musical ao primeiro andar do restaurante Espaço Lisboa. Tem ao leme Laura Ferreira, cantora experiente em várias tonalidades jazzísticas, o que ajuda a que a programação do clube seja heterodoxa, podendo chegar à “bossa nova, easy listening, blues e fusão” (lê-se no respectivo site). E se não houve tempo para comer antes de vogar até ao Espaço Lisboa Jazz Club, saiba que há aqui ceia à sua disposição.
(Rua da Cozinha Económica, 16, tel: 21 361 0210)
Hot Clube de Portugal
É, de longe, o papa dos clubes vocacionados para o jazz em Portugal, e um caso invulgaríssimo de longevidade: 61 anos a servir de plataforma para uma música que nasceu na América e ganhou sotaques próprios no resto do mundo. O Hot Clube é uma cave pequena (mais um jardim que ajuda a respirar quando as condições climatéricas permitem) que recebe jazz feito por músicos portugueses e estrangeiros de terça a sábado, incluindo gente que se forma no seu próprio estabelecimento de ensino, a Escola de Jazz Luís Villas-Boas. Indispensável.
(Praça da Alegria, 39, tel: 21 346 7369)
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KARAOKE
Musicais
Podemos já estar na extremidade ribeirinha de Alfama, mas não é por isso que o fado não chega à Doca do Jardim do Tabaco, entra subtilmente pela esplanada do Musiciais e instala-se… na máquina de karaoke. Boa opção, a do fado, já que este é um dos repertórios favoritos de quem ali procura ser cantor durante três minutos e meio. Quem o diz é Tiago Lacerda, responsável da casa, não deixando de ressalvar que a pop e outras sonoridades “muito variadas” também têm os favores da população. Tudo com um ponto em comum: “Cantam-se maioritariamente músicas portuguesas.”
E é habitual a malta entusiasmar-se com as cantorias, virar presença assídua no karaoke do Musicais e dar por si pequenas lendas locais? Tiago Lacerda é magnânimo na resposta: “Estrelas são todos, porque o que interessa é participar e divertir-se. Mesmo quem canta muito mal sobe ao palco e passa a sentir-se uma estrela.” Mas também há estrelas, ou pelo menos gente publicamente conhecida, das revistas e/ou da televisão e/ou dos discos, que já ali abriu a boca para dar música ao Musicais. Lacerda lembra-se de já lá ter ouvido Alex (sim, Mister Gay), Pedro Granger, Ana Lamy e Raquel Matos Cruz.
“O karaoke neste momento tem bastante importância na chamada de clientes ao Musicais, e vem muita gente de propósito” a estas sessões, sublinha Tiago Lacerda. De terça a quinta, o karaoke pode ser estimulado pelas promoções a sangria e caipirinha, mas é à sexta e sábado que a coisa dispara: “Muitos grupos organizam connosco jantares e depois ficam para o karaoke.”
(Av. Infante D. Henrique, Doca do Jardim do Tabaco, Pav. A/B, tel: 93 853 8193)
Almirante Bar
Tudo o que precisa ou nem sequer imagina precisar parece existir neste complexo para os lados de Loures. Ele é uma quinta para casamentos, baptizados e outros ajuntamentos especiais; ele é um restaurante também vocacionado para encontros de grandes dimensões; e ele é, claro, um bar já com 16 anos de existência e que se orgulha da especialização em karaoke (também tem música ao vivo). A loucura à volta da máquina das canções dos outros acontece todas as quintas-feiras, a partir das nove da noite.
(Rua Comandante Sacadura Cabral 106 B - Ponte de Frielas, Santo António de Cavaleiros, 21 989 8001)
Marisqueira Chinesa
Sim, uma marisqueira chinesa – a capacidade de desenrascanço dita que a culinária chinesa pode ser (quase) tudo o que se desejar. Nesta nobre casa de espaço generoso, a um passo da Avenida Duque de Loulé e a um quarteirão de distância do não menos nutritivo Elefante Branco, há uma máquina de karaoke (a que agora lá está é novinha em folha, um upgrade a sério) que é a pedra de toque de festas de aniversário, despedidas de solteiro, jantares universitários e repastos de confraternização da malta lá do escritório. Reza a lenda que ir à Marisqueira Chinesa e passar à margem do karaoke pode despoletar mil anos de maldição.
(Rua Bernardo Lima, 48, tel: 21 314 0726)
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ROCK
In Live Caffé
Nada de adaptações às três pancadas: em vez de um bar normal com um estrado e um PA manhoso a um canto, o que Joaquim Pereira pensou para o In Live Caffé, em meados desta década, foi “uma casa de música ao vivo a sério. Tivemos em conta os pormenores acústicos, o isolamento, etc. A ideia era assegurar um espaço de qualidade para concertos”.
O In Live Caffé existe na Moita e, apesar de ter aberto as portas há pouco mais de quatro anos, nesse espaço de tempo o seu proprietário já assistiu a uma pequena explosão de sítios similares na margem sul e, ultimamente, a uma certa retracção. Como é que o In Live tenciona resistir a estes caprichos? Embora a casa tenha portas abertas a todos os sabores musicais, olha-se para a sua programação mensal e ela é claramente dominada pelo rock, sobretudo pelo metal, pelos sons alternativos e pelas bandas de versões. Joaquim Pereira encontra duas explicações para esta tendência: “É esse o tipo de grupos que nos procura mais e também o que parece ter mais vontade de tocar ao vivo. Além disso, o metal é o género que atrai mais público.”
O recrutamento de bandas para o In Live Caffé começou pela Moita e arredores, “mas depois a sala criou nome, as pessoas foram passando a palavra através do MySpace, do Hi5 e do Facebook”, e hoje em dia chegam propostas de actuações de grupos de todo o país. E apesar de se tratar de um “negócio muito complicado, porque o que fazemos também é cultura mas não temos quaisquer apoios”, Joaquim Pereira afiança que a agenda do In Live Caffé já está “completa até ao fim do ano. E só com bandas que nos procuraram”…
(Rua João Luis da Cruz, 2, 4, e 6, Moita, tel: 91 718 5869)
Espaço Reflexo
É uma casa de extracção recente. Nasceu em Sintra, a pouca distância do Centro Cultural Olga Cadaval, e nela a Reflexo – Associação Cultural e Teatral produz espectáculos de dança e teatro, organiza workshops e monta exposições. É no bar, que abre portas às sextas e sábados, que todas as semanas se oferece tempo de antena a novas bandas nacionais, sobretudo às que professam a ideologia indie e/ou apreciem sonoridades acústicas e/ou não tiverem problemas em arriscar um módico de experimentação.
(Avenida Heliodoro Salgado, 41, Sintra, tel: 214 213 188)
Livraria Trama
A música que aqui se ouve ao vivo não se resume a um ou dois estilos, mas lá que a Trama costuma dar uma ajuda a projectos nacionais de raiz pop-rock de meios sumários mas imaginação acima da média, lá isso costuma. Além de funcionar como uma livraria de dois pisos, este espaço no Rato também tem cafetaria e gosta de abrir as portas a exposições e performances várias. Os concertos tendem acontecer à sexta e sábado, alturas em que a Trama estica o horário até à meia-noite.
(Rua São Filipe Nery, 25B, tel: 21 388 8257)
Renhau-nhau
Nasceu há muito pouco tempo na Costa da Caparica, o nome evoca felinos estilosos, e tenciona cozinhar uma salada de frutas de artes, disponibilizando o seu espaço para teatro, stand-up comedy, dança, exposições, workshops e exposições – o que é ambicioso. A sala que acolhe concertos é ampla, e vem sendo anfitriã de actuações de grupos rock da zona, de bandas de tributo e de jazz e difícil qualificação. A música ao vivo, promete a gerência, é algo eu pode acontecer em qualquer noite da semana.
(Avenida General Humberto Delgado, 47, Costa da Caparica, tel: 21 291 8900)
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TRADICIONAL
Taverna dos Trovadores
Fernando Pereira abriu as portas da Taverna em S. Pedro de Sintra vai para 20 anos. É certo que ele não deixa de realçar a “óptima garrafeira” que por lá se encontra, assim como a “gastronomia tradicional portuguesa variada” servida no restaurante inaugurado há menos tempo (em 1999), mas desta vez é pela música que a Time Out aqui chega. A Taverna dos Trovadores põe o palco a funcionar ao fim-de-semana e, também neste departamento, a política da casa não vacila: “Aqui há sempre música portuguesa, da tradicional à mais popular.” Sim, um certo sabor celta pode ser adicionado ao caldeirão, e agora também há fado sábado sim sábado não, mas entre cantores mais populares e intérpretes com um universo mais restrito e introspectivo, a identidade da Taverna está protegida.
Há outra razão forte para que a música tradicional portuguesa seja o prato sonoro principal (ou único) da casa. É que Fernando Pereira já vai em quatro décadas de carreira como músico, primeiro a bordo do colectivo GAC – Vozes na Luta, em plena alta temperatura pós-revolucionária. Os anos 80 dividiram-se entre a banda de Paco Bandeira durante um dos períodos de maior sucesso do cantor de Elvas (um grupo de apoio dirigido por Pedro Osório) e os Romanças. Desde 95, Pereira toca guitarra e é a voz dos Real Companhia, formação que, naturalmente, sobe com regularidade (“tocamos aqui de dois em dois meses”) ao palco da Taverna dos Trovadores.
Neste espaço há também uma loja (vende vinhos, compota, especiarias) a dividir as atenções com o restaurante e o bar, e é frequente que alguns amigos das andanças musicais de Fernando Pereira dêem um salto a este canto de S. Pedro de Sintra para comer, beber e, inevitavelmente, subir ao palco. É o caso de Rui Veloso, de Pedro Moutinho ou de José Mário Branco. Dito isto, o anfitrião esclarece que não tem quaisquer dificuldades a arranjar músicos e bandas para completar o cartaz da Taverna: “Há muita malta nova fazer isto. Alguns têm, naturalmente, uma qualidade ainda sofrível, mas o problema com que aqui nos debatemos é mais o de excesso de bandas.”
Sobre a clientela do seu espaço, Pereira esclarece que são maioritariamente “pessoas que sabem ao que vão”. A informação e a recomendação transmite-se “boca-a-boca, e tem sido sempre a multiplicar”. E como o bar tem uma lotação que se fica “mais ou menos pelas 100 pessoas”, é frequente ele encher apenas com a clientela que sai do restaurante para mergulhar na sala de madeira onde se escutam várias raízes da música nacional.
(Praça D. Fernando II, 18 - Porta 6, S. Pedro de Sintra, tel: 21 923 3548)
Inda a Noite É uma Criança
Este bar existe para os lados de São Bento há já um quarto de século e costuma ser gabado pelo ambiente familiar e nostálgico e pelos petiscos de ocasião. A música que lá se ouve costuma sair de guitarras acústicas, e embora a música popular portuguesa seja o tom dominante, não é raro ouvirem-se incursões pela folk de ressonância política de outros tempos. No Inda a Noite É uma Criança, o 25 de Abril é mesmo para sempre. Abre às 22.30, fecha pelas 4.00, e os domingos são mesmo para descansar.
(Praça das Flores, 8, tel: 21 396 3545)
Tambor q Fala
A sede dos múltiplos projectos de Rui Júnior e da Associação Tocá Rufar alberga este café-concerto, que abre ao público todas as sextas-feiras e sábado. A música ao vivo costuma arrancar pelas 22.00, apresentando uma programação variada de onde a música ligada às raízes portuguesas nunca poderia ausentar-se. No primeiro fim-de-semana de cada mês há sempre concertos da Orquestra Tocá Rufar, e para meados de Novembro a organização promete duas noites com o grupo de percussão O Ó que Som Tem?, de Rui Júnior.
(Rua José Vicente Gonçalves, 8J, Parque Industrial do Seixal, tel: 21 226 9090)
Backstreet Boys
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