Suede
(publicado no Blitz em Agosto de 1999)
O SUPER-RÁPIDO
Aproveitando a recente visita promocional dos Suede ao nosso país, Brett Anderson fez o primeiro - e ambíguo - balanço da operação Head Music e falou do futuro da banda que encabeça a edição de 99 do Festival de Paredes de Coura.
Nunca há tempo a perder no mundo dos afazeres extra-musicais de Brett Anderson. Após a entrevista que se segue, cujas questões foram respondidas a uma velocidade ligeiramente inferior à da luz, a esguia e mui sexy vedeta dos Suede dispara em direcção ao lobbie do hotel lisboeta onde estava instalado, corresponde de imediato às poses fotográficas solicitadas pela Rita Carmo e, não tarda nada, mete-se no elevador e desaparece. Tempo total dispendido: meia hora.
Minutos antes, Brett começara por dizer-me que as coisas estão a correr "muito bem" para os Suede na Europa com o álbum Head Music: "Estamos a ter uma boa repercussão em locais que normalmente não prestavam muita atenção aos Suede. Chegámos, por exemplo, ao nº 26 no top alemão, e obtivemos alguns primeiros lugares na Escandinávia, o que é óptimo." Estes bons resultados fora do mercado britânico não parecem deixá-lo particularmente surpreendido: "Bom, de certa forma, já calculava que isto fosse suceder. É um bom disco, e acho que merecia algum sucesso. De qualquer forma, é ainda muito cedo para avaliar esses aspectos. O álbum saiu há apenas dois meses, e não é possível ter uma noção correcta do êxito antes dos primeiros 12 meses."
O mesmo não parece estar a acontecer no Reino Unido onde, apesar de ter entrado directamente para o primeiro lugar da lista de vendas, Head Music desapareceu do top 30 após duas semanas. E enquanto o single "Electricity" andou perto do topo da tabela, os resultados de "She's In Fashion", o muito aguardado segundo tema extraído do álbum, ficaram claramente aquém das expectativas, já que nem sequer conseguiu alcançar o top 10. Brett não partilha em absoluto da visão menos positiva: "Eu nunca disse que 'She's In Fashion' ia ser um êxito incrível. Isso foi proclamado por outras pessoas, não tem nada a ver comigo. É apenas mais um single extraído de um álbum, e pelo facto de não ter atingido os lugares cimeiros das listas de vendas não quer dizer que se tenha tratado de um falhanço. Há pessoas que gostam de criar um mundo ridículo, onde parece que se preocupam apenas com as probabilidades de determinados discos chegarem a primeiro lugar ou não."
A passagem por Paredes de Coura marcará a terceira vinda dos Suede a Portugal. A estreia aconteceu em 1997, no Festival Sudoeste, pouco tempo após a saída do álbum Coming Up, tendo a segunda aparição ocorrido há dois meses, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, integrados na digressão europeia dos R.E.M. Questionado sobre como correra a tournée ao lado dos autores de Automatic for the People, Brett limita-se a um «Sim, foi divertido». O que pensa da música dos R.E.M.? "Gosto. Em termos gerais, é um grupo muito bom. Aprecio a maior parte das canções e acho que o Michael [Stipe] tem uma voz excelente." E concorda com a opinião geral de que Up, o último álbum, é um dos pontos mais altos da carreira dos americanos? "Também acho que é bom. Gosto das canções." Como se percebe, hoje não é dia para demoradas dissertações.
PUNK RAP??
Provando que os Suede continuam a atravessar uma fase de intensa actividade criativa, em que todos os elementos (com destaque para o teclista Neil Codling) têm um papel importante na composição, ainda Head Music não tinha chegado aos escaparates e já se falava de novas canções, prontas para figurar num próximo álbum. "É verdade que já estou a pensar nisso, sim. Já tenho umas quantas ideias bastante definidas. Mal acabamos de fazer um disco, temos sempre a tendência para começar logo a pensar no que vamos fazer a seguir. Creio que é necessário proceder dessa forma para que as coisas permaneçam excitantes. Não se deve passar o tempo a remexer no que já está feito. Convém olhar sempre para o futuro, e é isso que fazemos." Consta que o próximo álbum chamar-se-á Graffiti, e que o problema principal terá que ver com a gestão de todas as ideias para canções. "Neste momento não temos tempo para estar num estúdio. O que acontece é que, quando andamos em digressão, costumamos ter bastantes ideias interessantes para temas, mas não são mais do que ideias vagas, conceitos algo incoerentes para canções que ficam a flutuar na cabeça (nem sequer nos sentamos a escrevê-las; eu limito-me a registá-las num gravador de bolso), e que só ganham forma quando vamos para estúdio." Circulam rumores de que os hipotéticos novos temas serão consideravelmente distintos da sonoridade típica dos Suede. Consta até que fazem um cruzamento entre os Happy Mondays e os Beastie Boys... "Sim, é exactamente isso que eu gostaria de fazer. Ainda não gravámos nenhum disco remotamente parecido com isso, mas essa é a direcção que gostaria de tomar: punk rap."
Assim foi o único momento da conversa em que Brett Anderson falou com entusiasmo a valer. Ao perguntar-lhe acerca dos eventuais planos para a divulgação de Head Music nos Estados Unidos, o homem regressa ao registo minimal: "Talvez no próximo ano. Ainda não temos nada definido nesse sentido, mas pode acontecer." Ao contrário da maioria das bandas da fornada britpop, os Suede já não parecem interessados na mítica Entrada no Mercado Americano: "É só mais um sítio. Um sítio grande mas, para ser sincero, neste momento estou mais interessado na Europa." Para ele, esta obsessão de "conquistar" a América tem um único motivo: "Dinheiro. Não é mais do que um local mitológico."
Pelos vistos, do que Brett gosta mesmo agora é de festivais: "É muito divertido, temos feito bastantes este ano na Escandinávia e na Alemanha, e tem sido excelente." No fim de Agosto, marcando a conclusão da temporada dos ajuntamentos ao ar livre, sairá um novo single, a balada "Everyhting Will Flow". "É a minha segunda canção favorita do álbum, depois de 'Savoir Faire'. Adoro-a." A seguir, vrooom!!!
O SUPER-RÁPIDO
Aproveitando a recente visita promocional dos Suede ao nosso país, Brett Anderson fez o primeiro - e ambíguo - balanço da operação Head Music e falou do futuro da banda que encabeça a edição de 99 do Festival de Paredes de Coura.
Nunca há tempo a perder no mundo dos afazeres extra-musicais de Brett Anderson. Após a entrevista que se segue, cujas questões foram respondidas a uma velocidade ligeiramente inferior à da luz, a esguia e mui sexy vedeta dos Suede dispara em direcção ao lobbie do hotel lisboeta onde estava instalado, corresponde de imediato às poses fotográficas solicitadas pela Rita Carmo e, não tarda nada, mete-se no elevador e desaparece. Tempo total dispendido: meia hora.
Minutos antes, Brett começara por dizer-me que as coisas estão a correr "muito bem" para os Suede na Europa com o álbum Head Music: "Estamos a ter uma boa repercussão em locais que normalmente não prestavam muita atenção aos Suede. Chegámos, por exemplo, ao nº 26 no top alemão, e obtivemos alguns primeiros lugares na Escandinávia, o que é óptimo." Estes bons resultados fora do mercado britânico não parecem deixá-lo particularmente surpreendido: "Bom, de certa forma, já calculava que isto fosse suceder. É um bom disco, e acho que merecia algum sucesso. De qualquer forma, é ainda muito cedo para avaliar esses aspectos. O álbum saiu há apenas dois meses, e não é possível ter uma noção correcta do êxito antes dos primeiros 12 meses."
O mesmo não parece estar a acontecer no Reino Unido onde, apesar de ter entrado directamente para o primeiro lugar da lista de vendas, Head Music desapareceu do top 30 após duas semanas. E enquanto o single "Electricity" andou perto do topo da tabela, os resultados de "She's In Fashion", o muito aguardado segundo tema extraído do álbum, ficaram claramente aquém das expectativas, já que nem sequer conseguiu alcançar o top 10. Brett não partilha em absoluto da visão menos positiva: "Eu nunca disse que 'She's In Fashion' ia ser um êxito incrível. Isso foi proclamado por outras pessoas, não tem nada a ver comigo. É apenas mais um single extraído de um álbum, e pelo facto de não ter atingido os lugares cimeiros das listas de vendas não quer dizer que se tenha tratado de um falhanço. Há pessoas que gostam de criar um mundo ridículo, onde parece que se preocupam apenas com as probabilidades de determinados discos chegarem a primeiro lugar ou não."
A passagem por Paredes de Coura marcará a terceira vinda dos Suede a Portugal. A estreia aconteceu em 1997, no Festival Sudoeste, pouco tempo após a saída do álbum Coming Up, tendo a segunda aparição ocorrido há dois meses, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, integrados na digressão europeia dos R.E.M. Questionado sobre como correra a tournée ao lado dos autores de Automatic for the People, Brett limita-se a um «Sim, foi divertido». O que pensa da música dos R.E.M.? "Gosto. Em termos gerais, é um grupo muito bom. Aprecio a maior parte das canções e acho que o Michael [Stipe] tem uma voz excelente." E concorda com a opinião geral de que Up, o último álbum, é um dos pontos mais altos da carreira dos americanos? "Também acho que é bom. Gosto das canções." Como se percebe, hoje não é dia para demoradas dissertações.
PUNK RAP??
Provando que os Suede continuam a atravessar uma fase de intensa actividade criativa, em que todos os elementos (com destaque para o teclista Neil Codling) têm um papel importante na composição, ainda Head Music não tinha chegado aos escaparates e já se falava de novas canções, prontas para figurar num próximo álbum. "É verdade que já estou a pensar nisso, sim. Já tenho umas quantas ideias bastante definidas. Mal acabamos de fazer um disco, temos sempre a tendência para começar logo a pensar no que vamos fazer a seguir. Creio que é necessário proceder dessa forma para que as coisas permaneçam excitantes. Não se deve passar o tempo a remexer no que já está feito. Convém olhar sempre para o futuro, e é isso que fazemos." Consta que o próximo álbum chamar-se-á Graffiti, e que o problema principal terá que ver com a gestão de todas as ideias para canções. "Neste momento não temos tempo para estar num estúdio. O que acontece é que, quando andamos em digressão, costumamos ter bastantes ideias interessantes para temas, mas não são mais do que ideias vagas, conceitos algo incoerentes para canções que ficam a flutuar na cabeça (nem sequer nos sentamos a escrevê-las; eu limito-me a registá-las num gravador de bolso), e que só ganham forma quando vamos para estúdio." Circulam rumores de que os hipotéticos novos temas serão consideravelmente distintos da sonoridade típica dos Suede. Consta até que fazem um cruzamento entre os Happy Mondays e os Beastie Boys... "Sim, é exactamente isso que eu gostaria de fazer. Ainda não gravámos nenhum disco remotamente parecido com isso, mas essa é a direcção que gostaria de tomar: punk rap."
Assim foi o único momento da conversa em que Brett Anderson falou com entusiasmo a valer. Ao perguntar-lhe acerca dos eventuais planos para a divulgação de Head Music nos Estados Unidos, o homem regressa ao registo minimal: "Talvez no próximo ano. Ainda não temos nada definido nesse sentido, mas pode acontecer." Ao contrário da maioria das bandas da fornada britpop, os Suede já não parecem interessados na mítica Entrada no Mercado Americano: "É só mais um sítio. Um sítio grande mas, para ser sincero, neste momento estou mais interessado na Europa." Para ele, esta obsessão de "conquistar" a América tem um único motivo: "Dinheiro. Não é mais do que um local mitológico."
Pelos vistos, do que Brett gosta mesmo agora é de festivais: "É muito divertido, temos feito bastantes este ano na Escandinávia e na Alemanha, e tem sido excelente." No fim de Agosto, marcando a conclusão da temporada dos ajuntamentos ao ar livre, sairá um novo single, a balada "Everyhting Will Flow". "É a minha segunda canção favorita do álbum, depois de 'Savoir Faire'. Adoro-a." A seguir, vrooom!!!
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