Die Hard 4.0 - Viver ou Morrer

(publicado na J em Julho de 2007)


ASSALTO AO COMPUTADOR

A série Die Hard era uma daquelas que já estava há tanto tempo no congelador que se julgava não voltar a mexer. Os três filmes que a compunham (Assalto ao Arranha-Céus, Assalto ao Aeroporto e Die Hard: A Vingança) foram feitos entre 1988 e 95. E se nem o 11 de Setembro de 2001 motivou um novo embate do detective John McClane com terroristas estrangeiros e lunáticos, parecia duvidoso que a estrela da série, Bruce Willis, agora com 52 anos, voltasse a arriscar o couro como antigamente.

Sucede que não só a ameaça terrorista não diminui como, no actual clima de uma certa tremideira geoestratégica, um qualquer demente com desejos de destruição em massa parece ter acesso a meios bem mais vastos e capazes de provocar estragos, directa ou indirectamente, numa escala global. Um dos cortes mais notórios com o passado de Die Hard é o facto de o inimigo de Bruce Willis ser jovem, bem parecido e americano até mais não. E também um génio absoluto das novas tecnologias. O inimigo é Timothy Olyphant, um dos actores principais da elogiada série de televisão Deadwood, e em Die Hard 4.0 ele está barbaramente ressabiado com o seu antigo patrão, isto é, a administração americana. Este hacker não age sob pretextos ideológicos, religiosos ou civilizacionais – o que o conduz é puro ressentimento, um desejo industrial de vingança e a vontade de deitar mão a dinheiro suficiente para deixar os Estados Unidos de rastos. Para tal, põe a sua equipa a lançar Washington no caos rodoviário, desligando comunicações por satélite, liquidando a bolsa de Wall Street e cortando a electricidade à costa leste. Tudo por acção informática.

Os heróis que fazem frente a isto são um tipo musculado da velha guarda, cheio de inteligência instintiva (Bruce Willis), e um outro génio clandestino da informática (Justin Long), autor acidental do código que Olyphant está a empregar como chave para o seu ataque. Os dois terços iniciais têm um tom inquietante, meio apocalíptico, porque a ameaça é generalizada mas a sua motivação nebulosa. Uma neblina que levanta no último terço, onde tudo se concentra na tradicional perseguição mútua de bons e maus, neste caso com destruições monumentais e humor escurinho. Moral da coisa: os computadores não são lá muito nossos amigos.

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