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Snoop Dogg
Malice N Wonderland
Doggystyle/EMI
No livreto de Malice N Wonderland, Snoop Dogg deixa-se fotografar de fato e gravata e de colete brasonado. É a imagem idílica do empresário de sucesso: Snoop ditando uma carta à secretária, Snoop e o seu Porsche à porta dos escritórios da editora Capitol, Snoop e a sua parede de discos de platina, Snoop atrás de uma placa de “Chairman” e ladeado por dois álbuns: Straight Outta Compton dos N.W.A. e Eazy-Duz-It de Eazy-E. Dois álbuns fundadores do gangsta rap, ambos de 1988, a lembrar que esta história já vai longa.
Uma história que vai longa e que mostra com orgulho a sua notável progressão em “Gangsta Luv”. De longe o melhor momento de Malice N Wonderland, “Gangsta Luv” é uma das duas contribuições de Tricky Stewart e The-Dream (feitos prévios da dupla: “Umbrella” de Rihanna, “Single Ladies” de Beyoncé) para este disco. Das suas mãos brotam sintetizadores em bicos de pés que encontram réplica na fonética gota-a-gota com que o refrão é entregue. A melodia é pop, o groove andróide.
Há vários momentos de Malice N Wonderland que não são brilhantes, e um Snoop Dogg em velocidade de cruzeiro não chega para justificar um punhado de temas. Mas depois há aquele seu jeito de juntar uma presença vocal carismática à total permeabilidade face ao arsenal dos que escolhe para co-escrever, produzir e meter voz nas canções. Snoop é hiper-minimal ao lado de Lil Jon em “1800”. É g-funk quanto baste com Dr. Dre em “I Wanna Rock”. É o contraponto cool ao r&b com reforço melódico trazido por Teddy Riley para “Different Languages”. É uma super-produção holywoodesca com Soulja Boy no auto-tune em “Pronto”. É arrastado, ameaçador e digital até à medula sob os comandos de Danja em “That’s tha Homie”. É dos poucos a dar luta ao óptimo novelo rítmico que Terrace Martin arranjou para “Upside Down”. Nada mau, para um gestor de empresas.

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