Jorge Manuel Lopes, jornalista de artes e lifestyle
Taylor Swift - "Mine"
Obter link
Facebook
Twitter
Pinterest
Email
Outras aplicações
-
Claro que faltava esta. Tão evocativa, tão imagética que me seca as palavras. Dá para ouvir dias inteiros. (Nota mais ou menos lateral: os Fleetwood Mac são dos principais vencedores das escaramuças dos anos 1970.)
Acho que ponho ao lado dos Fleetwood Mac no mesmo sentido em que poria os 30 Seconds To Mars ao lado dos King Crimson. A única palavra com que concordo dessa descrição é "seca"!
O único patamar em que pode fazer sentido falar em vitória pírrica é no departamento das narinas destroçadas (cocaína oblige) e, eventualmente, no dos relacionamentos desfeitos. Venderam milhões atrás de milhões de discos e conseguiram ser famosos e amplamente estimados e influentes naquele tempo e neste tempo.
Foste logo escolher o ângulo pelo qual faz menos sentido. É que olhar para a história dessa forma faz com que se esqueçam dois pormenores importantes:
a) Todos eles estão hoje vivos e de relativa saúde, quanto mais não seja porque conseguiram vencer os vícios; b) Se é verdade que os relacionamentos amorosos não recuperaram, todos eles (talvez à exceção da Christine Perfect-McVie) conseguiram pôr todos os rancores para trás das costas o suficiente para que, entretanto, houvessem mais dois álbuns da formação mais famosa da banda no mercado e consequentes digressões.
Se alguma coisa, permite-me não só discordar em tudo o resto do que dizes, como inclusive adiantar que a perspetiva de vitória pírrica se justifica muito mais em pleno noutros campos. Para já, se houve coisa que os Fleetwood Mac não tiveram durante uns bons anos foi respeito crítico na esfera pública - não só a indie, é bom desde logo dizê-lo. Assim de repente, diria que seguirem um disco efetivamente corajoso como o Tusk com dois (Mirage e Tango in the Night) que, mal ou bem, se limitavam a soar atualizações de circunstância à fórmula Fleetwood Mac/Rumours não ajudou propriamente à festa - e nem sequer queiramos gastar discurso sobre o Behind the Mask e o Time. E se a questão da influência deles nem sequer se põe, duas perguntas impõem-se deixar, por enquanto, no ar: quanta dessa descendência é realmente importante/relevante/digna de nota/etc.; e quanta dessa descendência desenvolveu, ela própria, as mesmas propriedades.
Mais quatro dias e cumpriam-se dois anos exactos desde que aqui despejei o meu último best of discográfico. Um pouco de contexto, para quem não acompanhou a novela: desde 1982 que faço listas com os - meus - melhores discos do ano. O que aqui vou reproduzindo reflecte o que tem de reflectir, isto é, o que gostava, e quanto gostava, em tempo real. As listas de 92 estão aqui . As dos anos anteriores não andam longe. As de 1993, abaixo reproduzidas, soam surpreendentemente certas. Hoje, quase não mexeria nos 20 discos estrangeiros (só talvez os Dinosaur Jr. e os Pearl Jam marchariam dali para fora), e quase todos permanecem, pelo menos em teoria e de memória, audíveis. Foi um ano forte, de boas convulsões estéticas. O meu alinhamento "ideológico" pró-Melody Maker estava no auge, e lá por Novembro havia encontrado e começado a ler uma revista chamada The Wire. Já a lista nacional, a 18 anos de distância, é para lá de pobrezinha. Dois deles continuam recomendáveis (os nos. 3 e 4),
Perde-se muito tempo com e discute-se demasiado sobre uma coisa que não tem (não devia ter) puto de interesse. Eis como Keith Richards despacha a religião na autobiografia Life : "There's nobody in my family that ever had anything to do with organized religion. None of them. I had a grandfather who was a red-blooded socialist, as was my grandmother. And the church, organized religion, was something to be avoided. Nobody minded what Christ said, nobody said there wasn't a God or anything like that, but stay away from organizations. Priests would be considered with much suspicion. See a bloke in a black frock, cross the road. Mind out for the Catholics, they're even dodgier. They had no time for it. Thank God, otherwise Sundays would have been even more boring than they were. We never went to church, never knew where it was." Keith Richards é ainda maior do que eu imaginava. (E, pela descrição, ainda teve a sorte de não lidar com o flagelo islâmico, que deve ser
Toda a verdade sobre o primeiro hype idiota do ano (correcção: segundo, logo após James Blake, e imediatamente antes - receio meu - do Tyler não sei quê e daquilo do Odd Future), nas palavras de Simon Price: It's the sort of showy shtick you'd expect from someone busking at Covent Garden, fighting with the silver-painted statue mimes for tourists' spare change. Instead, she's somehow been hand-picked by Interpol, Arctic Monkeys and Nick Cave as a support act, received the patronage of Gucci, Vogue and Lagerfeld (those cheekbones probably helped), and been described by none other than Brian Eno as "the biggest thing since Patti Smith". Citação tirada daqui . Mas Brian Eno tem uma certa razão: pode-se perfeitamente metê-la no mesmo saco de Patti Smith e despachar ambas para o esquecimento. E não há como negar que ela e os nomes que a têm escolhido para concerto de abertura foram feitos uns para os outros.
Comentários
Acho que ponho ao lado dos Fleetwood Mac no mesmo sentido em que poria os 30 Seconds To Mars ao lado dos King Crimson. A única palavra com que concordo dessa descrição é "seca"!
a) Todos eles estão hoje vivos e de relativa saúde, quanto mais não seja porque conseguiram vencer os vícios;
b) Se é verdade que os relacionamentos amorosos não recuperaram, todos eles (talvez à exceção da Christine Perfect-McVie) conseguiram pôr todos os rancores para trás das costas o suficiente para que, entretanto, houvessem mais dois álbuns da formação mais famosa da banda no mercado e consequentes digressões.
Se alguma coisa, permite-me não só discordar em tudo o resto do que dizes, como inclusive adiantar que a perspetiva de vitória pírrica se justifica muito mais em pleno noutros campos. Para já, se houve coisa que os Fleetwood Mac não tiveram durante uns bons anos foi respeito crítico na esfera pública - não só a indie, é bom desde logo dizê-lo. Assim de repente, diria que seguirem um disco efetivamente corajoso como o Tusk com dois (Mirage e Tango in the Night) que, mal ou bem, se limitavam a soar atualizações de circunstância à fórmula Fleetwood Mac/Rumours não ajudou propriamente à festa - e nem sequer queiramos gastar discurso sobre o Behind the Mask e o Time. E se a questão da influência deles nem sequer se põe, duas perguntas impõem-se deixar, por enquanto, no ar: quanta dessa descendência é realmente importante/relevante/digna de nota/etc.; e quanta dessa descendência desenvolveu, ela própria, as mesmas propriedades.