(transcrição integral da entrevista com Adolfo Luxúria Canibal, originalmente publicada na Blitz de Abril deste ano) Porque é que sentiste necessidade de te expressares através da música? Lembras-te de algum instante em que tenhas percebido que era exactamente essa a melhor forma de dizeres alguma coisa? Não foi nenhuma transcendência. Acho que teve muito a ver com as circunstâncias históricas do momento. A vontade de fazer música surgiu quando já estava em Lisboa como estudante universitário, quando havia ainda aquele underground punk lisboeta de 78, 79. Foi uma coisa que me interessou, uma vez que estava a seguir o que se passava, nomeadamente, em Inglaterra. Já tinha ouvido falar vagamente dos Faíscas, a primeira banda punk portuguesa, quase em simultâneo com Inglaterra, no [programa Rotação , transmitido pela Rádio Renascença e da autoria de] António Sérgio, mas quando cheguei a Lisboa já não havia Faíscas. Mas surgiram os Xutos & Pontapés, dos quais vi o primeiro concerto, o C...