Krampus: O Lado Negro do Natal



Krampus: O Lado Negro do Natal
De Michael Dougherty
EUA, 98 minutos
3/5

O Lado Negro do Natal não será bem o que se imagina. Pode ter aparência de filme de terror mas não há uma cena de sadismo e sangue e membros cortados. Pode ter o punhado de valores cristãos que vêm à tona na quadra a nortear alguma moral do enredo mas Krampus, a figura meio humana, meio bode, que baixa sobre uma família desavinda nas vésperas de Natal, tem prováveis raízes em tradições pagãs germânicas (e os duendes que o servem também nada possuem de católico). Pode ter um elenco que vai tombando ao longo da acção como mandam as convenções terroríficas, mas o final troca as voltas e planta vestígios lynchianos.

A tempestade de neve impiedosa que prende a abonada família de Tom (Adam Scott) e Sarah (Toni Collette) em casa, numa difícil partilha de espaço com a pouco suportável prole white trash de Howard (David Koechner) e Linda (Allison Tollman), irmã de Sarah, gela até o ecrã. A luz pálida dos dias e a lareira das noites reforça o efeito de cerco por forças até certa altura invisíveis. O humor ocasional, embora batido, poupa a plateia à estupidez. É coisa feita com boa seriedade e secura, convencional e nonsense q.b. E é sempre um prazer ver Conchatta Ferrell (Dois Homens e Meio) numa tia desbragada, alcoólica e valente. 

(Publicado em Dezembro de 2015 na Time Out Lisboa.)

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