Axwell /\ Ingrosso


Cerveja, EDM e um acento circunflexo

A derradeira Where’s the Party? de 2015 abriga-se na Meo Arena e será uma cavalgada de luzes e bpms comandada por Axwell /\ Ingrosso. Conheça o plano pela mão de Jorge Lopes.

Esclareça-se logo à partida a questão que, de outra forma, ficaria a corroer a atenção do leitor: aquele símbolo que liga os nomes dos produtores suecos Axwell e Sebastian Ingrosso, espécie de acento circunflexo avantajado, recria (ou então, quem sabe, gerou) a forma que resulta da união de mãos da dupla, lado a lado, os braços esticados, lá em cima no púlpito das máquinas no palco. Em termos iconográficos, o /\ é uma ideia engenhosa ao nível do ovo de Colombo.

Axwell e Ingrosso esticarão de novo os braços, lado a lado, sexta-feira na Meo Arena, em mais um capítulo dos eventos Carlsberg Where’s the Party?, exemplares lusos das olímpicas raves de néon que tomaram conta do circuito mainstream global há coisa de uma década. É o terceiro e último Where’s the Party? do ano, também o primeiro a acontecer debaixo de tecto, e o que promete soa familiar: uma maratona de música electrónica centrada na mistura de house e tecno e repleta de ganchos pop de cores fluorescentes. Um preparado que ganhou o nome vago de EDM (iniciais de Electronic Dance Music), graças à entrada em força da ideia de rave América adentro a partir do século XXI. A experiência é imersiva, a escala épica e festivaleira, de densa produção luminotécnica e devidamente legalizada. 

Os cabeças de cartaz formavam dois terços dos enormemente bem sucedidos Swedish House Mafia (ou seja, só falta Steve Angello). Em vez de retomarem as carreiras a solo que já trilhavam antes das aventuras do super-grupo entre 2005 e 2013, Sven Axel Christofer Hedfors (aliás Axwell) e Sebastian Carmine Ingrosso rejuntaram-se logo em 2014. Há um álbum prometido para breve, para engordar uma discografia que até agora se resume a cinco singles despejados entre o ano passado e este.

O cartaz de Where’s the Party? completa-se com um trio de nomes portugueses de sensibilidades diferentes. O experiente Diego Miranda há já algum tempo que se abeirou, sem atritos, da experiência comunal EDM e da pop que com ele se dá bem – “Turn the Lights Off”, lançada este Verão e com Mikkel Solnado na voz, exemplifica-o. Já DJ Ride é outra coisa: tem hip-hop no ADN e uma habilidade premiada na manipulação do vinil, independentemente dos terrenos para onde a curiosidade o leva no mapa da electrónica: dubstep, drum ’n’ bass, etc. A dupla Club Banditz, com raízes em Coimbra e formada por Gonçalo Julião e João Coelho, também está habituada a pisar palcos e cabines de vários países e continentes, engendrando uma variante de EDM mais musculada.

(Antevisão de concerto publicada na Time Out Lisboa em Dezembro de 2015.)

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