The Shirelles

Publicado em Junho de 2010 no Atual do Expresso:


Swing the Most/ Hear & Now
The Shirelles
Ace/Popstock

Entre 1960 e 63, as Shirelles foram a primeira banda feminina a derramar sucessos em série para os tops americanos. Sucessos na forma de canções juvenis e evocativas sobre namorados, mais ou menos trágicas e com doses variáveis de violinos; canções breves, ainda com vestígios dos diners, das mesas de fórmica e dos milkshakes da alvorada do rock e do conceito de adolescência. As vozes do quarteto acolhiam composições saídas do Brill Building, e a história que assim começou é ilustre e perene, com marcos recentes nas TLC e em Britney Spears.

Os dois álbuns agora reeditados e acoplados num só CD são já de um tempo (1965) de declínio da fama das Shirelles, mas a frescura continua a atravessar estas 23 faixas. São dois discos atípicos: chegado à idade adulta, o grupo entrou em conflito com a editora Scepter (questões de dinheiro de royalties em falta, como conta Tony Rounce no texto do livreto), e a luta jurídica fechou-lhes as portas dos estúdios durante um ano. Para não deixar de capitalizar com o sucesso das intérpretes de ‘Dedicated to the One I Love’ e ‘Will You Love Me Tomorrow’, a Scepter aproveitou o pousio forçado e pôs cá fora estes discos formados por singles já editados, inéditos em armazém e até faixas de álbuns anteriores. Nada que ofusque o brilho destas obras: há temas de Carole King e Gerry Goffin, há uma Dionne Warwick em início de carreira e a dar ajudas discretas, e há até um tema co-escrito por Norman Whitfield (‘Lonesome Native Girl’), anos antes de revolucionar o som da Motown. A mesma Motown que em 1964 lançou ‘Where Did Our Love Go’ – foi o início da ascensão das Supremes, o fim do reinado das Shirelles e uma espécie de salto quântico para os girl groups.

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