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A mostrar mensagens de fevereiro, 2010

Giggs - "Don't Go There"

Giggs pegou na sua música e foi aos EUA. Foi a melhor coisa que podia ter feito. Esta bate facilmente todo o álbum anterior, e é sempre uma alegria (força de expressão) ouvir Londres com uma camada espesso de ritmo acalorado sabe Deus de onde (Atlanta? Nova Iorque? Los Angeles?).

Buraka Som Sistema

Publicado em Fevereiro no Actual do Expresso: **** Fabriclive 49 Buraka Som Sistema Fabric/Última O clube londrino Fabric pediu aos Buraka Som Sistema um tomo para juntar às suas afamadas séries de compilações, e o que recebeu há-de ser, certamente, uma das sessões mais joviais e caóticas da colecção “Fabriclive”. Uma sessão festiva e plural que tem kuduro, baile funk, bassline, electro, vozes latinas, ragga e hip-hop, mais quase tudo o que se consiga imaginar fazendo a ponte entre estes idiomas. A maioria das 28 faixas aqui amalgamadas só tem um ou dois minutos para brilhar, mas os Buraka cuidam de encaixar o essencial de cada tema nessas estreitas janelas de oportunidade. “Fabriclive 49” é uma celebração intensamente física, sempre em sobreaquecimento, crivada de remisturas exclusivas de e para a banda. Skream anda por aqui, assim como Diplo e DJ Znobia, Batida e Major Lazer. Os géneros e a natureza dos ritmos oscilam de maneira delirante sem afectar o nível de sublimação – c

Spiritualized

Publicado em Fevereiro no Actual do Expresso: Spiritualized Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space Dedicated/Sony É “o melhor disco britânico de rock dos últimos 20 anos”, defende o comunicado de imprensa acerca do terceiro álbum dos Spiritualized, peça de culto saída em 1997 e agora reeditada. Na verdade, a definição correcta seria “um dos poucos discos britânicos de rock dos últimos 20 anos que presta para alguma coisa – sobretudo nos momentos em que de rock tem pouco” mas, na volta, a frase perderia impacto. Jason Pierce sofre de um pudor vindo do punk que impede que a banda que dirige cumpra o seu destino e vire descendente dos Pink Floyd. Tudo melhora quando a sua voz medíocre sai do caminho ou se dilui na massa sonora, mas até lá acumulam-se faixas em “Ladies and Gentlemen…” que não passam de indie-rock pedrado em câmara lenta. Se bem que mesmo nessas faixas mais convencionais há erupções que demonstram estar-se perante o trabalho de uma mente com vontade de tentar

Alex Gardner - "I'm Not Mad"

Jovem crooner synthpop percebe instintivamente a regra do Cliff Richard de "Wired for Sound".

Erykah Badu ft. Lil Wayne - "Jump in the Air (Stay There)"

Com Lil Wayne ao lado, Badu até pode continuar a recorrer aos Roots que ninguém dá por ela - felizmente. É evidente, por este exemplo, que o vaivém Badu devia passar mais vezes perto do planeta pop (continente Prince/ Andre 3000). É gelatina para os sentidos.

DJ Zinc ft. Ms Dynamite - "Wile Out"

Ou como duas coisas boas - Dynamite e o 2step garage - sobreviveram à justa aos altos e baixos da década passada e reaparecem, diferentes e urgentes, não forçosamente com os mesmos nomes.

Sade

Publicado em Fevereiro na Time Out Lisboa: Sade Soldier of Love Sony **** Há quem faça música dentro de padrões temporais muito próprios, e a gente ouve-os e percebe que têm toda a razão em ser assim. O rapper Gucci Mane lançou 11 discos de longa-duração (álbuns e mixtapes) em cinco anos, e tem mais dois CDs agendados para este ano. Já Scott Walker e os Blue Nile, pelo contrário, fizeram sair não mais do que quatro álbuns de originais nos últimos 27 anos. Sade Adu e a sua banda imutável pertencem à segunda modalidade: três álbuns em duas décadas. Mantendo a coerência, os parcimoniosos também não cedem à tentação de sobrecompensar os ouvintes na hora do regresso. Soldier of Love não é um arranha-céus de canções acumuladas desde a saída de Lovers Rock em 2000 – são os 42 minutos e as dez canções necessários. Dez cuidadas composições que têm não mais do que os versos, o toque nervoso da guitarra e o ritmo que precisam de ter. Há quem construa música por um processo de subtracçã

Robin Thicke - "Sex Therapy"

Não é costume haver galãs pop tão desjustados/ desajeitados como Robin Thicke. O que empresta o twist adicional a uma balada densa que vai directo a Prince sem passar por Justin Timberlake. O álbum de onde ela vem há-de ser bom. Só pode ser.

Bashy ft. Loick Essien - "When the Sky Falls"

É a isto que pode soar o grime quando cruzado com o ambiente de um tema pop-rock americano para um filme dos anos 1980. Soa adequado. Até porque este é, de facto, um tema de um filme prestes a estrear-se.

Alizée - "Limelight"

É assim que se dança em dias de gelo. É a canção com mais néon que me lembro de ouvir em muito tempo. É francesa.

Massive Attack

Publicado em Fevereiro no Actual do Expresso: Canções do Mar do Norte O negrume não se perdeu nos sete anos em que os Massive Attack estiveram sem lançar álbum de originais. Muita gente canta em “Heligoland” – e Burial ainda há-de virar o disco do avesso. Robert Del Naja está, de certa forma, “aliviado”. Ele conduz os Massive Attack há 22 anos e, apesar de a banda até ter uma produtividade relativamente normal, a dificuldade perfeccionista em chegar à versão definitiva de uma nova obra resulta num desnível acentuado entre sessões de gravação e canções tentadas (bastantes) e discografia oficial (poupada). “É óptimo quando, finalmente, se ‘empacota’ um disco novo; quando se fecha um capítulo e se sabe que já não se pode lá entrar de novo”, diz a única pessoa que, neste tempo todo, nunca se afastou do colectivo que mais rapidamente vem à cabeça quando se pensa na vasta contribuição para a música pop da cidade inglesa de Bristol. O novo capítulo na discografia dos Massive Attack é

Kesha

Publicado em Fevereiro na Time Out Lisboa: Kesha Animal RCA/Sony *** Kesha surgiu no final de 2010 com “Tik Tok”, single que inundou os media num instante. A pop electrónica dançável e o erotismo dessacralizado desse tema propagam-se pelas restantes canções de Animal, onde as virtudes de composição de Kesha encontram o complemento certo em imbatíveis arquitectos pop como Dr. Luke, Benny Blanco e Max Martin. Animal é o som de uma “Party at a Rich Dude’s House” (nome da faixa 8, cantiga que até dá bom nome ao rock), quase de certeza sem autorização do “rich dude”, e o que tem de acontecer nas festas realmente boas – com ou, de preferência, sem roupa – acontece em Animal. Kesha mergulha no auto-tune, diverte-se, bebe demais, vomita no roupeiro de Paris Hilton (facto) e faz sexo, sempre sem perder o sentido de estilo.

Example - "Won't Go Quietly"

Num mundo ideal, uma pesssoa arranja-se, sai para a noite e vai parar a um sítio onde esta canção passa logo após Sam Sparro e imediatamente antes de Calvin Harris.

Hyperdub

Publicado em Janeiro no Actual do Expresso: 5 Years of Hyperdub Vários 2CD Hyperdub/Flur Steve Goodman (isto é, Kode9) inaugurou as edições Hyperdub em 2004 com uma tresleitura de ‘Sign of the Times’ de Prince. Foi uma estreia improvável e apresentava um ponto de vista pouco ortodoxo sobre o dubstep, no momento em que este género começava a moldar a cultura popular da década passada. A fuga ao conforto e às limitações das editoras-de-género gerou uma alternativa fascinante: o som Hyperdub é uma entidade em mutação constante, música digital e dançável em viagem entre a Jamaica e Londres, com passagens pelo sol da Califórnia e por lojas de sintetizadores em segunda mão em Tóquio. Sem cedências aos buracos negros da experimentação autista. O primeiro CD do comemorativo “5 Years of Hyperdub” está por conta de inéditos e lançamentos recentes. O segundo colecciona clássicos e pérolas dos anos 2000. É assombrosa, a concentração de talentos em duas horas e meia de dubstep e funky púrpur

Tinie Tempah - "Pass Out"

Conheçam uma das primeiras grandes canções da temporada. Onde se prova outra vez que o grime deu um salto quântico quando estendeu os braços à pop e a Ibiza (conferir também Wiley, Dizzee, Tinchy...). Três ritmos diferentes em menos de quatro minutos - é elegível para a categoria de rapsódia?

Selena Gomez & The Scene - "Naturally"

Um momento pop como deve ser, interpretado por uma adolescente como deve ser (tem 17 anos, mas ar de 14 ou 15). Deu para me lembrar de Kelly Osbourne: o último álbum dela, bem interessante, já tem cinco anos...

O ABC do Jornalismo Televisivo

Bateu fortemente com a cabeça numa esquina e ficou a pensar que seria uma boa ideia torrar o dinheiro dos pais num curso de jornalismo? Comece então por este vídeo genial onde, em apenas 2 minutos, Charlie Brooker explica o bê-á-bá da peça "informativa" televisiva. Uma lição para a vida, é o que é.

Lindstrom ft. Christabelle - "Lovesick"

Como é que se evita o resvalar para o record collection italo-disco? Empregando uma voz que não canta a canção - lambe-a.

Grammys 2010

Find more videos like this on Cherrytree Records Não é todos os anos que a indústria musical (no caso, a americana) distribui prémios e fá-lo tão acertadamente. Os bons ganharam desta vez: Beyoncé, Taylor Swift, Lady Gaga, Jay-Z, The Black Eyed Peas, Kings of Leon (os KoL do último álbum, não os do trad-rock do passado). E a performance acima estampada é uma coisa rara na pop - Prince deve ter gostado de ver.

Natalia Kills - "Zombie"

Era isto que os Massive Attack deviam ter feito, não era? Pop pós-trip-hop nebulosa, o auto-tune devida e apreciadamente omnipresente.

Mariah Carey ft. Nicki Minaj - "Up Out My Face (Remix)"

Se este não for o ano de Nicki Minaj, há-de ser o ano de quem? Da treta dos XX? Sua Alteza, Mariah Carey, dá-lhe uma ajuda no single que antecipa Angels Advocate. Minaj é as Salt-n-Pepa, Lisa Left Eye Lopes e Lil' Kim, tudo junto, revisto e melhorado. Sensualidade e sentido de nonsense.

Chris Brown

Publicado em Janeiro na Time Out Lisboa: Chris Brown Graffiti Jive/Sony Chris Brown foi condenado a cinco anos de pena suspensa pelo espancamento da namorada, Rihanna, no ano passado. Não se pode, por isso, esperar que a simpatia pública pela personagem seja mais do que nula – e as paupérrimas venda de Graffiti nos EUA comprovam-no. Grande “azar”, o de Chris Brown, pois este é o seu registo mais ambicioso e satisfatório. Graffiti é uma tentativa, mais anunciada do que explícita, de aproximação à heterogeneidade de um Prince, Michael Jackson e Stevie Wonder. O registo r&b-soul domina, mas há boas passagens pelas baladas rock e por uma pop-electro-funk dos anos 80 e já revista pelos Daft Punk. Os 78 minutos de duração retiram-lhe força, mas Graffiti merece, pelo menos, ser redescoberto num futuro menos magoado.