Time Out 113

Muse

Melhor concerto da década em Lisboa: Xutos & Pontapés no Restelo


Setembro de 2009, Estádio do Restelo. Os patrões do rock português sopram 30 velas com um concerto grande. Mesmo grande. Para o júri da Time Out, foi o espectáculo que pôs a cereja no topo de uma década pejada de música ao vivo

Concerto de estádio encabeçado por uma banda portuguesa é uma raridade. Uma raridade ditada pelo bom senso económico. Porque quanto maior for o palco e o teatro, mais notório será o eventual falhanço. Mas se a operação resulta, se a casa enche e o espectáculo e as canções estão à altura (e largura, e profundidade…) da ousadia, o resultado entra para a história. Assim foi nos anos 90 com os GNR, e assim volta a ser na década dos zeros com os Xutos & Pontapés.

Um bom número dos nomes consultados pela Time Out para esta eleição não esqueceu a data e o lugar: 26 de Setembro de 2009, Estádio do Restelo. Foi nessa noite que se atingiu a apoteose nas comemorações dos 30 anos de carreira do paradigma da banda rock portuguesa. Apareceram 40 mil fãs, variadíssimos de t-shirt negra trespassada pelo clássico “X”; e/ou de lenço à-Tim ao pescoço; e/ou com propensão para elevar os braços e em forma de cruz a cada cinco minutos. Do cenário varrido a luzes coloridas à pirotecnia à passerelle + plataforma lançadas até bem dentro da plateia, abundavam os sinais de se estar a jogar num campeonato dos acontecimentos musicais idêntico a uns Rolling Stones e U2. A natureza do alinhamento, pejado de greatest hits cantados em coro, cuidou do resto da verosimilhança. Soa familiar? Foi mais um concerto-dos-Xutos? Foi um concerto-dos-Xutos, mas maior do que nunca. E o sentido de comunhão de um Acontecimento costuma bater fundo.

Daqui em diante, a votação do nosso painel pulverizou-se em milhentas direcções, reflexo de uma década abundante de concertos na capital. Ainda assim, a prestação desvairada dos LCD Soundsystem no Lux em Junho de 2005 deixou cicatrizes das boas, assim como a primeira e, por enquanto, única passagem de Paul McCartney por palcos nacionais, no Rock in Rio de 2004. Outros nomes “históricos” foram lançados para a urna de voto, dos Stranglers aos New Order, de Madonna aos U2, Phil Collins a Neil Young, Leonard Cohen a Chico Buarque, AC/DC aos Pearl Jam, do trio Barry Guy/ Evan Parker/ Paul Lytton aos Depeche Mode. Também conquistaram espaço na memória os Underworld, Interpol, Portishead, Animal Collective, Peaches e Jamie Lidell. E gente de cá? Além dos Xutos, houve cruzinhas para Mariza, Da Weasel, Norberto Lobo e até para um remoto espectáculo dos Ornatos Violeta na Aula Magna, corria o mês de Dezembro de 2000. Só para que não haja dúvidas sobre a profundidade da memória. Jorge Manuel Lopes


Votaram:
Álvaro Covões (responsável da Everything Is New), Álvaro Ramos (responsável da Ritmos & Blues), David Pinheiro (jornalista do Disco Digital e do Diário de Notícias), Inha (responsável da Luazes), Luís Montez (responsável da Música no Coração), Mário Lopes (jornalista do Público), Pacman (vocalista dos Da Weasel), Paulo Furtado (músico, às vezes The Legendary Tigerman), Pedro Santos (responsável da Flur), Ricardo Casimiro (responsável da Tournée), Tiago Palma (A&R da Universal)


2º Lugar
LCD Soundsystem
Lux, 2005

3º Lugar
Paul McCartney
Parque da Bela Vista, 2004

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