Gary Numan

(texto publicado em Novembro no Actual do Expresso)


The Pleasure Principle
Gary Numan
2CD Beggars Banquet/Popstock

Em “Synth Britannia”, o novo e vital documentário produzido pela BBC sobre a génese da synthpop, há pioneiros de Sheffield (Human League) e Liverpool (OMD) a falar da estupefacção e ressentimento elitista com que, em 1979, assistiram à elevação de um londrino desconhecido (esse mesmo, Numan) a primeira estrela de uma nova forma de música popular verdadeiramente modernista. A synthpop é filha dos Kraftwerk, das selvas de metal e cimento dos livros de J.G. Ballard e dos sintetizadores a preços acessíveis que chegam às ilhas britânicas na segunda metade dos anos 1970, e é com isto que Gary Numan, um tipo reservado, alcança o sonho do estrelato pop. O ano 1979 foi o ano Numan. Primeiro ainda a bordo dos Tubeway Army com “Replicas” e o single ‘Are’Friends’ Electric?’. Depois com “The Pleasure Principle” e as suas dez canções que, dos nomes (‘Airlane’, ‘Complex’, ‘Engineers’…) a um som que extrai ordem, melodia e groove de uma densa neblina emitida por fileiras de teclados, anunciam a chegada de um novo imaginário que rejeita os parâmetros da mitologia rock. Um imaginário sublimado pelo autismo lúbrico de ‘Cars’ que, após 30 anos, continua a soar a uma imperscrutável oferenda de outro planeta.

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