Mensagens

A mostrar mensagens de 2009

Time Out 116

Kraftwerk Laia

Frankie Goes to Hollywood

Publicado em Dezembro no Actual do Expresso: Frankie Say Greatest Frankie Goes to Hollywood ZTT/ Universal Welcome to the Pleasuredome Frankie Goes to Hollywood ZTT/ Mbari Nasceram da refrega punk e pós-punk de Liverpool. Os seus dois elementos mais visíveis eram efusivamente homossexuais. Tiveram uma linha de t-shirts (‘Frankie Say Relax Don’t Do It’, ‘Frankie Say War! Hide Yourself’, etc.) que não mais saíram do imaginário pop. Encontraram a casa certa na ZTT, onde foram abençoados pela produção state of the art megalómana de Trevor Horn e pelos manifestos de Paul Morley. Entre 1984 e 85, o êxito desmedido dos Frankie Goes to Hollywood (FGtH) serviu de sublimação da Nova Pop iniciada com os ABC e os Human League. Uma sublimação que deitou mão ao sexo puro e duro (em ‘Relax’), à guerra-fria (em ‘Two Tribes’) e à religião no seu estado mais tocante e kitsch (‘The Power of Love’). A curta vida dos FGtH foi a de um projecto de arte popular destinado a fixar o ar do tempo. A su

Alicia Keys - "Try Sleeping With a Broken Heart"

Time Out 115

Editors Tricky Micro Audio Waves Zoetrope Ed. Autor/ Mbari Nesta caixa negra guarda-se Zoetrope, o espectáculo de música e vídeo e ocupação de palco concebido pelos Micro Audio Waves (MAW) e pelo coreógrafo Rui Horta. Musicalmente, é um momento muito feliz no percurso dos MAW, com um leque de canções synthpop tingidas pontualmente por krautrock, dub e ambient – tudo eloquentemente demonstrado num CD de dez faixas que vale um lugar entre os melhores lançamentos nacionais de 2009. O DVD mostra o espectáculo Zoetrope na Culturgest, numa realização criativa que circula entre os músicos-“actores” e os ecrãs que emparedam todo o palco, debitando imagens de movimentos perpétuos; uma realização criativa, sim, mas que não abafa a sensação que este era um espectáculo para se experimentar ao vivo – e na penumbra.

Lady Gaga

Publicado em Novembro no Actual do Expresso: The Fame Monster Lady Gaga 2 CD Interscope/Universal A nova-iorquina Lady Gaga propaga-se pelo mundo pop somente desde 2008, mas as suas manifestas virtudes (energia criativa, propensão camaleónica, carisma, aparente controlo criativo sobre as coisas em que se mete) e o êxito já alcançado colocam-na nas calmas ao lado dos outros nomes mais marcantes na canção mainstream desta década – Beyoncé, Rihanna, Britney Spears. E com séria probabilidade de se tornar em breve um ícone da pop art para o século XXI, mais David Bowie do que Madonna. “The Fame”, o seu álbum de estreia, é agora relançado com um segundo CD de oito novas canções, quase todas superiores ao repertório mais antigo: são maiores, mais dramáticas e mais sofisticadas, numa progressão lógica da synthpop para televisão & discoteca tal como era praticada na segunda metade dos anos 1980, e quase descartando o r&b que ainda marcava “The Fame”. Muita atenção aos espantosos

Sade - "Soldier of Love"

Saint Etienne - "Method of Modern Love"

Shystie ft. DJ Deekline - "New Style"

Busy Signal- "Da Style Dey"

Girls Can't Catch - "Echo"

House of House - "Rushing to Paradise (Walkin' These Streets)"

A Aberração da Década

Um pedaço de prosa que animou consideravelmente o dia foi a preciosidade abaixo reproduzida do Alex Macpherson sobre "My Girls" dos Animal Collective. Retirado do Singles Jukebox ( link ). Para ler, imprimir em corpo 30 e afixar em pontos estratégicos da cidade. Os sublinhados são meus. Alex Macpherson: I’ve been irked by a fair few artists this year, but usually the reason is an obnoxious persona working in tandem with bad music. With Animal Collective, it’s just the sonics. Like most of what I’ve heard by them, “My Girls” is a seasickness-inducing mess. Flattened-out production which makes the song sound like it’s trying to breathe through clingfilm; the rudimentary electronic bibble which refuses to go anywhere or develop into anything and just keeps hanging there , like a broken car alarm whose owners have gone on holiday; the one-note synthpad passing, badly, for a bassline, which sounds like a baby is crawling over a keyboard. These elements appear to have been lai

2006

Imagem
DISCOS DO ANO – 2006- INTERNACIONAL 1-Burial – Burial 2-Memories of the Future – Kode9 & the Spaceape 3-FutureSex/ LoveSounds – Justin Timberlake 4-Fundamental – Pet Shop Boys 5-Dubstep Allstars: Vol.03 Mixed by Kode9 – V.A. 6-Silent Shout – The Knife 7-So This Is Goodbye – Junior Boys 8-White Bread Black Beer – Scritti Politti 9-Dying to Say This to You – The Sounds 10-Pretty Scary Silver Fairy – Margaret Berger 11-Fizheuer Zieheuer – Ricardo Villalobos 12-Halcyon Days – BWO 13-Orchestra of Bubbles – Ellen Allien & Apparat 14-Idlewild – Outkast 15-Paris – Paris Hilton 16-Under the Skin – Lindsay Buckingham 17-Ta Dah! – Scissor Sisters 18-Tiny Colour Movies – John Foxx 19-House Arrest – Ariel Pink’s Haunted Graffiti 5 20-3121 – Prince 21-B’day – Beyoncé 22-Cassie – Cassie 23-Studio 1 – All Saints 24-Concrete – Pet Shop Boys 25-Morph the Cat – Donald Fagen 26-Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not – Arctic Monkeys 27-The Hard

2005

Imagem
DISCOS DO ANO – 2005 – INTERNACIONAL 1-Taller in More Ways – Sugababes 2-Come and Get It – Rachel Stevens 3-Late Registration – Kanye West 4-Chemistry – Girls Aloud 5-Run the Road – V.A. 6-Supernature – Goldfrapp 7-Human After All – Daft Punk 8-Minimum Maximum – Kraftwerk 9-Oral Fixation Vol.2 – Shakira 10-The Emancipation of Mimi – Mariah Carey 11-Robyn – Robyn 12-Theatre Royal Drury Lane 8 September 1974 – Robert Wyatt 13-Hey Let Loose Your Love – The Focus Group 14-Barrio Fino – Daddy Yankee 15-OK Cowboy – Vitalic 16-Confessions on a Dance Floor – Madonna 17-Prototype – Bodies Without Organs 18-Thrills – Ellen Allien 19-We Are Monster – Isolée 20-Playing the Angel – Depeche Mode 21-Are You Really Lost – Matias Aguayo 22-The Campfire Headphase – Boards of Canada 23-Aerial – Kate Bush 24-Tales from Turnpike House – Saint Etienne 25-LCD Soundsystem – LCD Soundsystem 26-In at the Deep End – Roll Deep 27-Tomorrow, Tomorrow & Tomorrow – Bill Fay Group 28

Dizzee Rascal

Publicado em Novembro no Actual do Expresso: Tongue N’ Cheek Dizzee Rascal Dirtee Stank Dizzee Rascal, génio encartado, já pouco ou nada quer do grime. Do género saído das ruas de Londres para a vanguarda musical desta década há neste seu quarto álbum pouco mais do que a métrica e o sotaque britânico aplicados ao rap e a sua incrível voz simultaneamente chorosa, inane (elogio) e poderosa. “Tongue N’ Cheek” é um tratado para pistas de dança onde cada faixa forma o seu próprio universo. Abre com um momento de transcendência chamado ‘Bonkers’, menos de três minutos de um ataque concertado à coluna vertebral e ao cérebro, mais uma experiência neurológica do que uma canção, produzida por Armand Van Helden, experiente produtor americano de house, electro e garage que assim arranja uma merecida e inesperada via para regressar ao topo das tabelas de vendas. ‘Dirty Cash’ opera um flashback até à era em que a pop ia para a cama com o acid house, e os singles ‘Dance Wiv Me’ e ‘Holiday’, am

Time Out 114

Margaret Atwood Hercules and Love Affair Rihanna

Walter Jones - "Living Without Your Love"

Stush - "We Nuh Run"

The Cast of Glee - "Don't Stop Believing"

Timberlee ft. Tosh - "Heels"

Marina & The Diamonds - "Hollywood"

Olha o Passarinho

Esqueci-me de avisar que há já algum tempo que, de vez em quando, escrevo umas coisas aqui .

Hurts - "Wonderful Life"

Uma recomendação certeira do Pedro .

2004

A transcrição das minhas listas de discos do ano congelou lá por Fevereiro, no ano 2003. Recomeço, a ver se aqui coloco todas antes do final de 2009. DISCOS DO ANO – 2004 – INTERNACIONAL 1-A Grand Don’t Come for Free – The Streets 2-Showtime – Dizzee Rascal 3-The College Dropout – Kanye West 4-Last Exit – Junior Boys 5-Liars – Todd Rundrgen 6-Anniemal – Annie 7-Seadrum/ House of Sun – Boredoms 8-Calling Out of Context – Arthur Russell 9-Rio Baile Funk: Favela Booty Beats – V.A. 10-Love Angel Music Baby – Gwen Stefani 11-Treddin’ on Thin Ice – Wiley 12-Unreleased Dubs 94-96 – Remarc 13-Backstroke – Matthew Dear 14-What Will the Neighbours Say? – Girls Aloud 15-Venice – Fennesz 16-Kompakt 100 – V.A. 17-Franz Ferdinand – Franz Ferdinand 18-Compilation #2 – V.A. 19-Greatest Hits – Goldie Lookin Chain 20-Amunition V.A. 21-High – The Blue Nile 22-Scissor Sisters – Scissor Sisters 23-Here Comes Love – Superpitcher 24-Louden Up Now - !!! 25 – Grime – V.A. 26-Thé a

Time Out 113

Muse Melhor concerto da década em Lisboa: Xutos & Pontapés no Restelo Setembro de 2009, Estádio do Restelo. Os patrões do rock português sopram 30 velas com um concerto grande. Mesmo grande. Para o júri da Time Out, foi o espectáculo que pôs a cereja no topo de uma década pejada de música ao vivo Concerto de estádio encabeçado por uma banda portuguesa é uma raridade. Uma raridade ditada pelo bom senso económico. Porque quanto maior for o palco e o teatro, mais notório será o eventual falhanço. Mas se a operação resulta, se a casa enche e o espectáculo e as canções estão à altura (e largura, e profundidade…) da ousadia, o resultado entra para a história. Assim foi nos anos 90 com os GNR, e assim volta a ser na década dos zeros com os Xutos & Pontapés. Um bom número dos nomes consultados pela Time Out para esta eleição não esqueceu a data e o lugar: 26 de Setembro de 2009, Estádio do Restelo. Foi nessa noite que se atingiu a apoteose nas comemorações dos 30 anos de carre

When the Bomb Takes Over

Acho que não estou a ficar maluco ao notar uma certa semelhança entre esta versão dos Saint Etienne, editada em 1995, de um tema dos Television Personalities , e este glorioso hit de David Guetta de 2009 . Não estou, pois não?

Kelis - "Acapella"

Róisín Murphy - "Orally Fixated"

David Bowie

Publicado em Novembro no Actual do Expresso: David Bowie David Bowie 2 CD EMI Lançado em 1969, o segundo álbum de David Bowie tem um cadastro de reedições e mutações quase tão intrincado como a carreira do seu criador. “David Bowie” virou “Space Oditty” logo no primeiro relançamento, em 1972, e desde então foi mudando de capa e de alinhamento de cada vez que voltou aos escaparates. A reedição comemorativa dos 40 anos repõe a capa, o título e a sequência originais, e junta-lhe não só um detalhado texto sobre a feitura do disco mas também um fatal segundo CD (curioso mas globalmente dispensável) de versões ‘demo’ e/ou alternativas, sessões para a BBC e material disperso por singles da época. Produzido por Tony Visconti (à excepção de ‘…Oddity’), “David Bowie” lança-se em vários rumos mas já contém momentos em que as idiossincrasias de Bowie brilham intensamente, transtornando o ar do tempo. Esta estranha, ingénua, épica e suja folk psicadélica, britânica até à medula, absorveu a u

Sia - "You've Changed"

Time Out 112

"Amamos" gente que fala ao telefone com a mão na boca "Odiamos" as obras na linha vermelha do metro Vários Mary Anne Hobbs: Wild Angels Planet Mu/Flur A nova compilação da radialista da BBC Radio 1 Mary Anne Hobbs é dominada por uma leva de produtores que cria algo de próprio a partir do que soa a cruzamento das malfeitorias tecnológicas de Aphex Twin com o g-funk arrastado mas quente e penetrante de Dr. Dre, mais doses assinaláveis de electrónica cósmica dos anos 70. A dúzia e meia de nomes em desfile não perfaz um movimento, mas há aqui uma evidente solidez de rumo – mesmo que se esteja a lidar com uma arquitectura elástica nas soluções (e simples de assimilar). Com os sons a ricochetearem no caso de Hudson Mohawke, Architeq e Rustie. Com o zunido dos graves do dubstep à mistura com Brackles, Untold e Starkey. Seria nisto que Aphex Twin estava a pensar quando cunhou a expressão “analogue bubblebath”?

Pet Shop Boys - "It Doesn't Often Snow at Christmas (2009 Mix)"

Moon Wiring Club - "Information Services"

Guido - "Beautiful Complication"

Gary Numan

(texto publicado em Novembro no Actual do Expresso) The Pleasure Principle Gary Numan 2CD Beggars Banquet/Popstock Em “Synth Britannia”, o novo e vital documentário produzido pela BBC sobre a génese da synthpop, há pioneiros de Sheffield (Human League) e Liverpool (OMD) a falar da estupefacção e ressentimento elitista com que, em 1979, assistiram à elevação de um londrino desconhecido (esse mesmo, Numan) a primeira estrela de uma nova forma de música popular verdadeiramente modernista. A synthpop é filha dos Kraftwerk, das selvas de metal e cimento dos livros de J.G. Ballard e dos sintetizadores a preços acessíveis que chegam às ilhas britânicas na segunda metade dos anos 1970, e é com isto que Gary Numan, um tipo reservado, alcança o sonho do estrelato pop. O ano 1979 foi o ano Numan. Primeiro ainda a bordo dos Tubeway Army com “Replicas” e o single ‘Are’Friends’ Electric?’. Depois com “The Pleasure Principle” e as suas dez canções que, dos nomes (‘Airlane’, ‘Complex’, ‘Enginee

Paz na Terra

1 - Hoje à hora do jantar, no Vasco da Gama, a torneira que deita música ambiente passou de uma canção gospel (daquelas que chegam a um apogeu de gritaria e parece que nunca mais acabam) para "Love Will Tear Us Apart" dos Joy Division. Que, por sua vez, abriu caminho a uma versão, também gospel, de "Silent Night", com a voz acanhada de Mariah Carey (acho que era ela) em primeiro plano. Uma pessoa interrompe a refeição e fica a pensar no que é que passou pela cabeça do bicho doente que programa estas coisas. 2 - Atenção a "Bad Romance", o vídeo e a canção de Lady Gaga (link mais abaixo, a poucas mensagens de distância). Vê-se e ouve-se isto e fica-se com a mesma sensação de se estar a assistir a um momento Especial e de Viragem na história da pop com que se ficou ao ver e ouvir "Like a Virgin" de Madonna em 80 e poucos. 3 - Este blogue não perde grande tempo a vaguear pelo passado, mas esta é uma versão de "Chain Reaction", pelos Ste

Alicia Keys - "Try Sleeping With a Broken Heart"

Darkstar - "Aidy's Girl's a Computer"

Time Out 111

Depeche Mode Bass Clef ZdB – Galeria Zé dos Bois Sexta-feira, ver listas Music Box Sábado, ver listas De quinta a domingo decorre o UM 2009 – Festival Internacional de Intermedia Experimental. A segunda edição deste evento gira em torno do conceito de paisagem e abraça arte que aproveita inovações tecnológicas e científicas. Há uma exposição (no armazém ECV Fiat em Santos, onde ficará até 27 deste mês; a inauguração, amanhã às 22.00, tem música ao vivo por Rafael Toral e o Staalplaat Sound System), workshops e debates (ambos na Faculdade de Belas Artes), concertos e performances. O site do festival (www.1um1.net) fornece mais pormenores. O departamento musical tem em primeiro plano Bass Clef, produtor de Bristol que usa o dubstep como ponto de partida. É certo que há um certo tom nerdy em algum do seu material que traz memórias pouco agradáveis do IDM (intelligent dance music – o nome é todo um programa de que apetece manter distância) e da electrónica caseira, epiléptica e

Eric Cartman ft. Kenny & Kyle - "Poker Face"

Lady Gaga - "Dance in the Dark"

McAlmont & Nyman - "Take the Money and Run"

Time Out 110

Megafone 5 David Sylvian David Fonseca Pink Martini

Prefab Sprout

(publicado em Outubro no Actual do Expresso) Prefab Sprout Let’s Change the World With Music Kitchenware Em 1993, e já sem o restante trio ou o influente produtor Thomas Dolby, o génio complicado de Paddy McAloon tirou sozinho da cartola este “Let’s Change the World With Music”, o álbum que devia ter sido o sucessor de “Jordan: The Comeback”, de 1990 – e é precisamente a essa sucessão que soa o disco enfim arrancado aos arquivos. Um disco onde McAloon procura “a transcendência através da música”, como explica num livreto onde sublinha o quanto do seu perfeccionismo e ambição paralisantes se fixam em Brian Wilson e nos seus “abismos subterrâneos de azul”. “Let’s Change…” faz-se de música concebida como gesto arrebatador e místico. Quatro das 11 faixas usam a palavra “music” no título, três empregam “love”, um par delas recorre a “God” e “gospel”. Uma foi acanhadamente intitulada ‘Earth: The Story So Far’. São canções que sabem de facto a 1993, sobretudo pela abundância de sons elect

Xutos & Pontapés

(publicado em Outubro no Actual do Expresso) Ao Vivo ‘88 Xutos & Pontapés 3 CD + DVD Universal A reedição do primeiro álbum de palco dos Xutos & Pontapés é um caso exemplar de como uma obra musical deve ser revista e aumentada. “Ao Vivo ‘88” saiu originalmente no final de 1988 e documenta o fim da digressão que revelou o quarto álbum de inéditos, “88”. Das 19 faixas da edição original de “Ao Vivo ‘88” passou-se para 28 temas em CD, a que se junta um importante DVD com o registo de palco, produzido para a RTP. A remasterização sonora parece imaculada. Já as imagens em vídeo retêm as particularidades técnicas da época e denunciam o desgaste do tempo – tudo coisas boas. “Ao Vivo ‘88” apanha os Xutos consolidando o seu papel de banda cimeira do rock português, depois de um trio de álbuns de antologia (“78-82”, “Cerco” e o best-seller “Circo de Feras”) e do primeiro de muitos discos desiguais, mas sempre com algum tema acrescentável ao cânone (no caso de “88” há ‘Enquanto a Noite Ca

Janet Jackson - "Make Me"

Fan Death - "Reunited"

Time Out 109

Sítios para música ao vivo em Lisboa e arredores: Do Oriente a Alcântara, da Moita a Sintra, a capital e os arredores abundam em bares, clubes e restaurantes que já não passam sem música ao vivo. Nas páginas que se seguem, Jorge Manuel Lopes oferece-lhe um guia de estilos para lugares novinhos em folha ou centenários, esquecidos ou consagrados. Mas antes de mergulhar nos especialistas, é de bom tom afixar este quadro de honra lisboeta da noite musical em directo. Se começar por aqui, de certeza que começa bem Cabaret Maxime Não se deixe distrair (pronto, deixe-se) pelo historial de mulheres voluptuosas de escassa roupa ou pelos preciosos souvenirs de outras eras (cartazes, capas de discos) que adornam as paredes do cabaré da Praça da Alegria. Sim, porque aqui, agora, cultiva-se mesmo a sério a música e o entretenimento. Por estes dias, as sessões de terça-feira estão entregues à comédia stand-up, mas daí em diante há crooners mais ou menos charmosos com strippers vintage de luxo, baile

Dame Shirley Bassey - "The Performance of My Life"

Najoua Belyzel - "M (Hey, Hey, Hey)"

Alphabeat - "The Spell"

Time Out 108

Três Cantos Ana Moura Shakira

Wiley - "Take That"

Kim-Lian & Linda Bengtzing - "Not That Kinda Girl"

Lady Gaga - "Bad Romance"

Rihanna - "Russian Roulette"

Air

(Textos publicados em Outubro no Actual do Expresso) O léxico do amor Os Air fecharam a porta da casa nova e ficaram a sós com o seu arsenal de maquinaria, conta Nicolas Godin. “Love 2”, o resultado, é mais optimista do que intimista. Texto de Jorge Manuel Lopes A música dos Air costuma exigir uma quantidade razoável de mão-de-obra. Nos bastidores daquele som denso e imaterial como bancos de nevoeiro é habitual encontrar letristas e cantores convidados, secções de cordas e uma apreciável equipa de outros músicos, todos contribuindo para a elaboração de camadas sonoras que saltam com facilidade o muro que separa a simplicidade quase displicente das construções épicas. O tom de graciosa modernidade (ou pós-modernidade; depende dos dias e do ponto de vista) que atravessa toda a discografia de Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel em nada sai beliscado de “Love 2”, o sexto álbum dos Air, editado na passada terça-feira; mesmo que, desta vez, a dupla tenha procedido a uma drástica redução dos

Time Out 107

Nick Cave Batida Jay-Z Sean Paul

Groove Armada - "I Won't Kneel"

Madonna

(Publicado em Outubro no Actual do Expresso) Celebration Madonna 2 CD Warner Bros./Warner “The Immaculate Collection” foi a primeira compilação tipo best of de Madonna. Saiu em 1990 e faz inteiro jus ao nome, resumindo uma época de ouro de uma artista pop nascida nas pistas de dança de Nova Iorque. “GHV2”, a segunda, é de 2001 e, ao focar-se na produção ziguezagueante dos anos 1990, reforça os defeitos maiores de uma pretendente a ícone pós-moderno, emitindo os seus boletins sobre o estado da cultura pop a partir da mansão remota onde calhava de habitar naquela semana. “Celebration” é outra coisa: 27 anos de carreira resumidos em 36 canções, boa parte delas vindas da melhor Madonna, aquela que se projecta do hedonismo, das luzes convulsivas e da bola de espelhos da discoteca. Ao abordar o seu percurso por este ângulo, “Celebration” faz com que os momentos mais directos e sublimes (‘Hung Up’, ‘Vogue’, ‘Holiday’, ‘Erotica’, ‘Material Girl’… a lista é generosa) amenizem os devaneios mí

Ellie Goulding - "Under the Sheets"

Client - "Can You Feel?"

Toni Braxton - "Yesterday"

Denny Laine with Paul McCartney and Friends

(publicado em Setembro no Expresso) In Flight Denny Laine with Paul McCartney and Friends Lilith/Mbari Não deve maior manta de retalhos com o nome de Paul McCartney estampado na capa do que “In Flight”. Denny Laine, músico e compositor britânico, teve êxito a meio dos anos 1960 enquanto fugaz vocalista dos Moody Blues, mas foi quando em 1971 se juntou ao ex-Beatle e a Linda McCartney para formar os Wings que mais deu nas vistas. “In Flight” começou por sair em 1980 com o título “Japanese Tears”, referência à abortada digressão nipónica dos Wings desse ano (McCartney foi detido por posse de droga e o grupo fechou portas logo a seguir), sendo editado com o alinhamento e o nome ‘definitivo’ quatro anos depois. Entre temas gravados pelos Wings e por outras formações, uma faixa escrita em parceria com Macca e regravações de dois velhos sucessos, “In Flight” tem evidente dificuldade em agarrar um fio estético, soando a um showcase apressado das habilidades de Denny Laine. A presença de Paul

Savage - "Twothousandnine"

Perempay N'Dee ft. Cleo Sol - "Time to Let Go"

Time Out 106

Diana Krall Basement Jaxx/ David Guetta/ Felix da Housecat: Esta rave não é para tenrinhos Um bom produtor de música de dança tem de ser, no mínimo, trintão. Não acreditam? Três exemplos chegam? Não é fácil encontrar gente no rock mais alternativo ou mais mainstream a fazer música resplandecente de vitalidade ao cabo de 15, 20 anos de carreira. Exactamente o contrário do que acontece no bem mais turbulento mundo da música de dança, onde poucos são os que se aguentam muito tempo na primeira linha – mas quando se aguentam, entregam música consideravelmente mais vital, enérgica e atenta ao presente do que a brigada das guitarras eléctricas. Assim acontece na deliciosa caldeirada de álbum agora inventada pelos Basement Jaxx. Scars (XL/ Popstock), que é o seu melhor registo desde o monumental Rooty (2001), exala uma alegria tão invulgar quanto contagiosa. As suas faixas tanto passam por uma Nova Iorque e uma Londres multiétnicas (ele é reggae tresmalhado, hip-hop, ska, electro…) como desliz

Britney Spears - "3"

Julian Casablancas - "11th Dimension"

Time Out 105

(Amália Hoje) Fixem o número 40. Porque 40 mil é o número de discos que o projecto Amália Hoje já vendeu. E porque 40 é o numero músicos que vai ocupar o palco do Coliseu para celebrar o êxito de Amália versão pop. Nuno Gonçalves faz as contas com Jorge Manuel Lopes Os concertos que vão preencher o primeiro terço de Outubro “marcam o final do ciclo Amália Hoje”, esclarece Nuno Gonçalves, o homem dos Gift a quem coube a tarefa de conceber o disco que reinventou um punhado de canções de Amália Rodrigues para um universo pop e, no caminho, obteve um imenso sucesso de vendas e airplay. O Coliseu dos Recreios recebe a vasta produção Amália Hoje na segunda (esta data já tem lotação esgotada), terça e quarta-feira 7. No palco vão estar 23 músicos da Orquestra Sinfónica da República Checa, um coro misto de dez vozes, um baterista, um baixista, um guitarrista, Nuno Gonçalves nas teclas e o trio de vozes do projecto: Sónia Tavares, Paulo Praça e Fernando Ribeiro. “Não era nossa intenção fazer co